Magalhães, herói mundial e herói nacional
Ainda a propósito do Dia de Portugal que recentemente assinalamos, queria lembrar, aqui, nas páginas do JN, os 500 anos da morte de Fernão de Magalhães, um dos grandes da história portuguesa. Apesar de ter empreendido a viagem de circum-navegação da Terra ao serviço de Espanha, é, sem dúvida, um dos nossos maiores navegadores. E do Mundo. Homem de Quinhentos, de rija têmpera, tinha atrás de si a escola do Infante D. Henrique, a experiência de expedições a África e à Índia, e os exemplos de outros navegadores como Cabral, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama etc., e a profunda fé na missão que o movia. Não obstante a morte nas Filipinas (a 27 de abril de 1521) o ter impedido de voltar a Espanha e de a grandiosa empresa a que se votara ter sido completada pelo seu capitão-mor Sebastião Delcano, concordo inteiramente com Miguel S. Tavares, quando afirma que esta epopeia, atenta a época em que ocorreu e os meios técnicos então existentes, tem maior significado do que a chegada do Homem à Lua. De facto, só a travessia do estreito que tem o seu nome, em circunstâncias terríveis, já exigia resistência indomável. Mas enfrentar o imenso Pacífico, quase deserto de terras e completamente desconhecido dos navegadores europeus, tornou-se ainda maior proeza, pelo que todos os que, por mares nunca dantes navegados, deram novos mundos ao Mundo, merecem ser celebrados, como Camões o fez. Celebremo-lo nós também. MANUEL AUGUSTO MOREIRA mcostamoreira1945@gmail.com