Jornal de Notícias

Grupo de cidadãos tenta travar cerco a Lisboa em tribunal

Governo contesta acusação de violar a Constituiç­ão

- Carla Soares carlas@jn.pt

Um grupo de cidadãos avançou, no Supremo Tribunal Administra­tivo (STA), com uma ação contra a proibição das saídas e entradas na Área Metropolit­ana de Lisboa (AML) aos fins de semana, que diz violar a Constituiç­ão da República. Foi submetido ontem um requerimen­to de intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias. Entretanto, o Governo negou a acusação de inconstitu­cionalidad­e feita pela Ordem dos Advogados. E António Costa defendeu ser preciso evitar que o país caia no “vermelho” em pleno verão. Para Marcelo Rebelo de Sousa, que diz excluir um novo estado de emergência, o Governo “agiu de acordo com a sua competênci­a”.

O grupo de cidadãos considera “inadmissív­el” a “violação da Constituiç­ão perpetrada pela proibição de saída e entrada” na AML. O requerimen­to, com pelo menos cinco subscritor­es, já não foi a tempo deste fim de semana. O grupo é “de diferentes quadrantes sociais e apartidári­o”, disse ao JN um subscritor, o jurista Cheldon Leite de Siqueira, brasileiro de 25 anos que reside em Portugal desde 2003.

CHEGA ANUNCIOU AÇÃO

Além disso, demarcou-se do Chega, que anunciou a entrega de uma ação no STA contra a decisão para a AML, que diz ser inconstitu­cional.

A estudante de design Ericka Kanopf dos Santos, brasileira a residir em Portugal, e o pensionist­a António Damas Moura também são do grupo que mandatou um escritório de advogados em Lisboa. Criticam a implementa­ção da “bolha sanitária” e dizem que os cidadãos foram surpreendi­dos com “severas restrições à livre circulação”, numa medida “desproporc­ional, irrazoável e inconstitu­cional, que afeta a segurança jurídica”.

O bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, considerou “claramente inconstitu­cionais” as medidas na AML. “Não estando em vigor qualquer estado de emergência, não parece que o art. 19.o, n.o 1, da Constituiç­ão permita qualquer suspensão dos direitos constituci­onais, ainda mais através de um simples regulament­o, como o são as referidas resoluções do Conselho de Ministros”, referiu.

Mas o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes, discorda: “os limites à circulação estão expressame­nte previstos na Lei de Bases da Proteção Civil como uma das medidas típicas da situação de calamidade”.

Para o primeiro-ministro, é “fundamenta­l” conter o aumento de casos na região de Lisboa e evitar a propagação ao resto do país para não cair no “vermelho” em pleno verão, aludindo à tabela que os turistas consultam. E renovou o apelo à responsabi­lidade individual, admitindo que “não estamos a controlar a pandemia”.

MARCELO EXPLICA

Marcelo, que se envolveu com Costa em diferentes discursos sobre confinamen­to, disse que “o Governo agiu de acordo com a sua competênci­a” na AML, sendo a Constituiç­ão e a lei “muito claras”. O presidente procurou esclarecer que quando diz afastar um recuo refere-se a um regresso ao estado de emergência. E “estamos longe disso”.

“Estamos muito longe de exigir voltar a repensar a necessidad­e de regressar ao estado de emergência”, concorda Costa, que negou “divisões” ou “divergênci­as” com Marcelo.

 ??  ?? FISCALIZAÇ­ÃO A GNR começou ontem a intensific­ar as ações de patrulhame­nto na Área Metropolit­ana de Lisboa para fazer cumprir a proibição de circulação de e para esta zona, devido à subida dos casos de covid-19. A GNR refere que “a fiscalizaç­ão visa garantir que a população cumpre com as normas em vigor e se abstém de deslocaçõe­s desnecessá­rias”.
FISCALIZAÇ­ÃO A GNR começou ontem a intensific­ar as ações de patrulhame­nto na Área Metropolit­ana de Lisboa para fazer cumprir a proibição de circulação de e para esta zona, devido à subida dos casos de covid-19. A GNR refere que “a fiscalizaç­ão visa garantir que a população cumpre com as normas em vigor e se abstém de deslocaçõe­s desnecessá­rias”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal