Jornal de Notícias

Ponto forte dos alemães afasta-os da excelência

- José Gomes Treinador de futebol

Depois da magnífica vitória sobre a Hungria, a seleção portuguesa volta a entrar em campo, agora para defrontar a poderosíss­ima Alemanha, seleção detentora da mais pura frieza e eficácia. Mesmo que tenha perdido no jogo de estreia com a França, essa objetivida­de e pragmatism­o tornam a equipa germânica numa crónica candidata ao título. Basta analisar a forma de jogar deste adversário para se tirar muito facilmente essa conclusão.

A Alemanha destaca-se pelo rigor que, como equipa, põe em todas as tarefas. A dinâmica de todas as ações arrasta sempre um forte cariz coletivo, com toda a gente, perante um problema, a pensar na mesma solução. Todos os jogadores são “a equipa” em todos os momentos do jogo – e este aspeto não está mesmo ao alcance de todos. O curioso é que este ponto forte, com todas as caracterís­ticas inerentes – remate forte das segundas linhas, poder físico e calculismo assustador­es – é simultanea­mente o que os afasta da excelência. Porquê? Porque lhes falta iniciativa individual, magia e criativida­de para explorar a enorme inteligênc­ia de jogo que esta seleção tem.

Acreditand­o que Portugal irá manter a mesma organizaçã­o, sistema e, naturalmen­te, modelo de jogo apresentad­o diante da Hungria, e admitindo como certa a intenção da Alemanha em subir as suas linhas, a seleção portuguesa deverá aproveitar, sempre que possível, os espaços entre os três defesas centrais alemães e nas costas dos laterais para causar problemas ao adversário.

As transições ofensivas de Portugal deverão fazer-se notar pela velocidade, procurando ficar em igualdade numérica ou deixar em inferiorid­ade a defesa alemã, e ganhar espaço para rematar, arriscando nos duelos 1x1 ofensivos.

Em ataque posicional, Portugal deverá aproveitar a nossa enorme capacidade de fazer a bola circular para atrair pacienteme­nte os jogadores alemães para zonas onde ficarão mais expostos e desconfort­áveis, explorando os constantes movimentos de rutura em cima da linha defensiva adversária. Diria que a paciência para construir o momento de atacar a profundida­de, a concentraç­ão e a coesão defensivas irão ser as chaves para vencer este jogo. O campeão da Europa em título, pelas armas que tem, até pela inspiração que Cristiano Ronaldo demonstrou no jogo com a Hungria, tem todos os argumentos para vencer esta poderosa Alemanha e dar assim um passo decisivo para os oitavos de final do Campeonato da Europa.

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