Ponto forte dos alemães afasta-os da excelência
Depois da magnífica vitória sobre a Hungria, a seleção portuguesa volta a entrar em campo, agora para defrontar a poderosíssima Alemanha, seleção detentora da mais pura frieza e eficácia. Mesmo que tenha perdido no jogo de estreia com a França, essa objetividade e pragmatismo tornam a equipa germânica numa crónica candidata ao título. Basta analisar a forma de jogar deste adversário para se tirar muito facilmente essa conclusão.
A Alemanha destaca-se pelo rigor que, como equipa, põe em todas as tarefas. A dinâmica de todas as ações arrasta sempre um forte cariz coletivo, com toda a gente, perante um problema, a pensar na mesma solução. Todos os jogadores são “a equipa” em todos os momentos do jogo – e este aspeto não está mesmo ao alcance de todos. O curioso é que este ponto forte, com todas as características inerentes – remate forte das segundas linhas, poder físico e calculismo assustadores – é simultaneamente o que os afasta da excelência. Porquê? Porque lhes falta iniciativa individual, magia e criatividade para explorar a enorme inteligência de jogo que esta seleção tem.
Acreditando que Portugal irá manter a mesma organização, sistema e, naturalmente, modelo de jogo apresentado diante da Hungria, e admitindo como certa a intenção da Alemanha em subir as suas linhas, a seleção portuguesa deverá aproveitar, sempre que possível, os espaços entre os três defesas centrais alemães e nas costas dos laterais para causar problemas ao adversário.
As transições ofensivas de Portugal deverão fazer-se notar pela velocidade, procurando ficar em igualdade numérica ou deixar em inferioridade a defesa alemã, e ganhar espaço para rematar, arriscando nos duelos 1x1 ofensivos.
Em ataque posicional, Portugal deverá aproveitar a nossa enorme capacidade de fazer a bola circular para atrair pacientemente os jogadores alemães para zonas onde ficarão mais expostos e desconfortáveis, explorando os constantes movimentos de rutura em cima da linha defensiva adversária. Diria que a paciência para construir o momento de atacar a profundidade, a concentração e a coesão defensivas irão ser as chaves para vencer este jogo. O campeão da Europa em título, pelas armas que tem, até pela inspiração que Cristiano Ronaldo demonstrou no jogo com a Hungria, tem todos os argumentos para vencer esta poderosa Alemanha e dar assim um passo decisivo para os oitavos de final do Campeonato da Europa.