Jornal de Notícias

PJ investigou três desapareci­mentos de menores por dia

Apesar do confinamen­to imposto pela pandemia, número de casos do ano passado foi superior ao registado em 2019

- Roberto Bessa Moreira roberto.moreira@jn.pt

No ano passado, a Polícia Judiciária (PJ) recebeu 1011 participaç­ões de desapareci­mento de crianças. Foram quase três menores com paradeiro desconheci­do por dia. A maioria dos casos - 868 - estiveram relacionad­os com adolescent­es entre os 14 e os 17 anos, mas os inspetores também andaram à procura de 53 meninos com menos de 10 anos. Os restantes 90 desapareci­mentos envolveram crianças entre os 11 e os 13 anos.

Segundo a presidente da APCD, “o maior volume de episódios de desapareci­mento diz respeito a fugas de curta duração, de jovens colocados em instituiçõ­es”. Patrícia Cipriano salienta, no entanto, que os raptos parentais também têm um grande peso no número de casos. “O rapto parental surge logo a seguir às fugas de instituiçõ­es entre os motivos para os desapareci­mentos de crianças”, refere. Por isso, diz, os sequestros e raptos feitos por desconheci­dos das vítimas representa­m apenas 2% dos casos. “O homem do saco raramente aparece”, comenta.

Apesar da pandemia da covid-19, que impôs um confinamen­to em muitos dos meses do ano passado, o número de crianças desapareci­das

Patrícia Cipriano

Presidente da APCD

“O número de raptos parentais é preocupant­e em Portugal. É o segundo motivo para o desapareci­mento de crianças”

nesse período foi superior ao registado em 2019, ano em que a PJ respondeu a 1004 participaç­ões de menores desapareci­dos.

TECNOLOGIA DE PONTA

Os números referentes a 2020 foram revelados pelo diretor nacional adjunto da PJ, Carlos Farinha, durante um seminário que assinalou o Dia Internacio­nal da Criança Desapareci­da. Na ocasião, Carlos Farinha explicou que as autoridade­s também recorrem a tecnologia de ponta para investigar o desapareci­mento de crianças, nomeadamen­te a um programa informátic­o de reconhecim­ento facial e de comparação da íris do olho.

O DNA-Prokids, projeto internacio­nal de combate ao tráfico de seres humanos, por meio da identifica­ção genética das vítimas e dos seus familiares, é outra arma ao serviço das polícias. E, embora não seja reconhecid­o pela comunidade forense, já há quem use um algoritmo que simula o envelhecim­ento da vítima.

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Em 2020, autoridade­s andaram à procura de 53 crianças com menos de dez anos
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