PJ investigou três desaparecimentos de menores por dia
Apesar do confinamento imposto pela pandemia, número de casos do ano passado foi superior ao registado em 2019
No ano passado, a Polícia Judiciária (PJ) recebeu 1011 participações de desaparecimento de crianças. Foram quase três menores com paradeiro desconhecido por dia. A maioria dos casos - 868 - estiveram relacionados com adolescentes entre os 14 e os 17 anos, mas os inspetores também andaram à procura de 53 meninos com menos de 10 anos. Os restantes 90 desaparecimentos envolveram crianças entre os 11 e os 13 anos.
Segundo a presidente da APCD, “o maior volume de episódios de desaparecimento diz respeito a fugas de curta duração, de jovens colocados em instituições”. Patrícia Cipriano salienta, no entanto, que os raptos parentais também têm um grande peso no número de casos. “O rapto parental surge logo a seguir às fugas de instituições entre os motivos para os desaparecimentos de crianças”, refere. Por isso, diz, os sequestros e raptos feitos por desconhecidos das vítimas representam apenas 2% dos casos. “O homem do saco raramente aparece”, comenta.
Apesar da pandemia da covid-19, que impôs um confinamento em muitos dos meses do ano passado, o número de crianças desaparecidas
Patrícia Cipriano
Presidente da APCD
“O número de raptos parentais é preocupante em Portugal. É o segundo motivo para o desaparecimento de crianças”
nesse período foi superior ao registado em 2019, ano em que a PJ respondeu a 1004 participações de menores desaparecidos.
TECNOLOGIA DE PONTA
Os números referentes a 2020 foram revelados pelo diretor nacional adjunto da PJ, Carlos Farinha, durante um seminário que assinalou o Dia Internacional da Criança Desaparecida. Na ocasião, Carlos Farinha explicou que as autoridades também recorrem a tecnologia de ponta para investigar o desaparecimento de crianças, nomeadamente a um programa informático de reconhecimento facial e de comparação da íris do olho.
O DNA-Prokids, projeto internacional de combate ao tráfico de seres humanos, por meio da identificação genética das vítimas e dos seus familiares, é outra arma ao serviço das polícias. E, embora não seja reconhecido pela comunidade forense, já há quem use um algoritmo que simula o envelhecimento da vítima.