Tecnologia e inovação social juntas geram em Valongo um “vale da vida”
Inovação no país também pode existir fora das grandes cidades, assegurou José Manuel Ribeiro
A sofisticação tecnológica está a marcar a agenda europeia e, em Portugal, há cidades a dar passos firmes no sentido de fazerem evoluir as suas estruturas em termos digitais. Valongo também quer afirmar-se nesse sentido. Quem o garantiu foi José Manuel Ribeiro, presidente do município, ontem, durante a realização do segundo e último dia do Switch to Innovation Summit, um evento iniciado na passada quinta-feira e levado a cabo pela Câmara Municipal de Valongo e pelo CDI Portugal.
Sob o mote de “Isto não é Silicon Valley!” (tema do primeiro painel em cena neste dia), José Manuel Ribeiro afirmou que a meca da tecnologia, localizada nos Estados Unidos e berço de várias startups e empresas tecnológicas, “é conhecido como o vale da morte, onde talvez nem 1% das ideias consegue vingar”. Ao invés, segundo assegurou, ”em Valongo só menos de 1% das ideias é que não consegue viver e, no que respeita a inovação social com tecnologia, isto é mesmo o vale da vida”.
FORA DOS GRANDES CENTROS
O presidente da Câmara prosseguiu a sua intervenção vincando a importância de não se restringir aos maiores centros urbanos do país o desenvolvimento de projetos inovadores e que, de alguma maneira, possam contribuir para o bem-estar dos cidadãos. “Os territórios metropolitanos não são só os centros das áreas metropolitanas. Territórios como os de Valongo são sítios onde há, igualmente, matéria fundamental de inovação social”.
Também Filipe Almeida, presidente do Portugal Inovação Social, reconheceu a incontornável relevância da vertente digital, mas deixou um aviso em relação à infoexclusão: “A tecnologia aproxima, mas também isola e exclui, porque aumenta o fosso entre os infoincluídos e os infoexcluídos”. Por isso, concluiu, “é necessário acelerar a digitalização e o aprofundamento das competências digitais na população e, simultaneamente, ter pessoas atentas aos perigos desta hiperdigitalização: isso é essencial para incluir todos”, assinalou o responsável.
“APOSTAR NA FORMAÇÃO”
Por outro lado, num painel diferente (designado “Woman Power”), Cláudia Montenegro, líder da área de responsabilidade social da Fundação Galp, referiu que “toda esta transformação digital traz novas oportunidades para os jovens”. Já Margarida Ferreirinha, diretora de comunicação e sustentabilidade da REN e membro da Direção do CDI Portugal, assumiu uma visão complementar, defendendo que “é preciso continuar a apostar na formação”. Isto porque, conforme acrescentou, “ela é o fator mais diferenciador na vida de toda a gente”. A responsável acrescentou, ainda, que “as empresas têm de trabalhar em rede e olhar para os parceiros que fazem coisas extraordinárias”.
Já na sessão de encerramento desta primeira edição do Switch to Innovation Summit, José Manuel Ribeiro voltou a usar a palavra e enfatizou a ideia de que é preciso tempo para colher os frutos do investimento feito no presente. “Isto demora uns anos, são sementeiras longas, portanto temos de continuar e eu, provavelmente, só irei aperceber-me dos resultados como cidadão e não como autarca”, disse o presidente da Câmara.
José Manuel Ribeiro reiterou, por fim, a opinião manifestada anteriormente sobre quão benignas podem ser as tecnologias, quando direcionadas para uma política de inovação social: “Estou convencido de que as políticas que investem em cidadania preocupada com questões sociais e que aliem tecnologia são as melhores”, declarou.