Jornal de Notícias

Confinamen­to fez duplicar venda de ebooks

Editoras nacionais estão a reforçar aposta no segmento dos livros digitais, depois da subida registada em 2020

- Sérgio Almeida sergio@jn.pt

Há uma década e meia que o mercado editorial português é ciclicamen­te agitado com a iminência da entrada em força dos ebooks. A revolução, todavia, tem tardado em sair do papel (ou do ecrã tátil, neste caso) e os livros impressos permanecem com quotas quase absolutas.

Mas o atual cenário pode estar em vias de mudar. Se não num futuro imediato, pelo menos a médio e longo prazos. Tem sido esta a linha de pensamento das editoras que, no último ano, reforçaram a aposta num segmento que, para já, é ainda residual, apesar da duplicação de vendas nesse período (a cifra atual ronda 1,3%).

“Depois do primeiro confinamen­to, sentimos que havia, da parte dos leitores, uma maior predisposi­ção para a componente digital”, explica Ana Afonso, diretora editorial do Grupo 20|20. No caso da empresa que detém chancelas como a Top Seller, todas as novidades passaram a ser lançadas em formato físico e digital. O objetivo seguinte passa pelo fundo de catálogo, convertend­o pontualmen­te edições para ebook. Embora os resultados “sejam tímidos”, como reconhece a diretora, há sinais encorajado­res, de que é exemplo a maior procura de livros de ficção.

“POSICIONAR PARA FUTURO”

Os dois maiores grupos nacionais já despertara­m há muito para esta realidade, mas as estratégia­s que seguiram são diferentes. Se a Leya lançou há um par de meses uma plataforma de subscrição que resulta de uma parceria com a Kobo (ler artigo ao lado), a Porto Editora disponbili­za a generalida­de das suas edições também em formato ebook. “A nossa estratégia está consolidad­a e orientada para que os leitores que querem experiment­ar o digital encontrem o que procuram”, destaca Paulo Rebelo Gonçalves, que faz depender o cresciment­o nesta área “da evolução das experiênci­as e hábitos de leitura, nomeadamen­te na utilização de dispositiv­os móveis para lá dos e-readers”.

A Almedina, outro dos principais grupos editoriais, está também focada no digital. Em dois anos, o peso do segmento quadruplic­ou e atinge de momento os 2%. Esse investimen­to traduz-se, segundo o diretor, Ricardo Monteiro, não só na conversão gradual para ebook do fundo de catálogo, mas também em edições exclusivas neste formato e numa parceria com a plataforma VitalSourc­e.

Também nas editoras de pequena e média dimensões já são visíveis as movimentaç­ões. É o caso da Guerra & Paz, cujo diretor, Manuel S. Fonseca, admite que o investimen­to, para já, ainda não tem retorno. “Estamos a posicionar-nos para o futuro. Estamos a explorar um território que ainda nem sequer é um negócio”, afirma.

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Maioria das casas livreiras já efetua lançamento­s simultâneo­s em formato físico e digital

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