Jornal de Notícias

Insultos racistas geram revolta em Inglaterra

Visados falharam penáltis na final do Euro 2020

- Vasco Samouco desporto@jn.pt

Enganou-se quem pensou que perder a final do Europeu era o pior que podia acontecer à Inglaterra, a Gareth Southgate, a Marcus Rashford, a Jadon Sancho, a Bukayo Saka e companhia. Não, o pior ainda estava para vir e trouxe ao de cima o lado mais medonho das pessoas, de demasiadas pessoas. Depois de deixarem fugir o troféu e de falharem grandes penalidade­s decisivas, os três jogadores ainda tiveram que se encolher perante a chuva torrencial de comentário­s racistas que inundaram as redes sociais, num regresso a um passado muito próximo que o futebol inglês está a ser incapaz de conter, apesar de esforços visíveis e reiterados, para além de tomadas de posição firmes e significat­ivas. Falhar e perder, no entanto, continuam a ser pecados imperdoáve­is.

O que era para ter sido uma noite para guardar nas melhores memórias acabou por se tornar numa das páginas mais negras de um país que, infelizmen­te, já começa a ganhar calo perante acontecime­ntos de tamanha gravidade. À derrota no campo seguiu-se outra ainda pior, que feriu de morte a dignidade do futebol inglês, mas que, no entanto, não foi uma surpresa assim tão grande. Emojis de macacos? Imagens de bananas? “Volta para a tua terra, oh preto!”? Bem-vindo à realidade de inúmeros futebolist­as, entre eles o condecorad­o Rashford – viu um mural seu ser vandalizad­o –, Jadon Sancho e Saka, abusados racialment­e nas redes sociais imediatame­nte após a Itália se sagrar campeã da Europa, em Wembley. E não foram um, dois ou três comentário­s isolados, mas centenas deles, carregados de um ódio que continua a minar a sociedade e, por arrasto, o futebol.

MAL SEM REMÉDIO?

Como tantas outras vezes, logo se levantaram muitas vozes de apoio e logo se prometeram castigos e medidas para evitar novas situações no futuro. Há uma investigaç­ão a decorrer. Mas também aqui não há novidades. Aliás, o futebol inglês tem promovido várias ações de combate ao racismo. Foi lá que os jogadores começaram a ajoelhar-se antes de cada jogo; foi lá também que todos se uniram num boicote de dias às redes sociais como protesto contra o abuso online. E também é em Inglaterra onde mais adeptos são banidos pelos clubes e impedidos de frequentar­em os estádios. Contudo, nada parece resultar. O racismo respira. Até quando?

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Gareth Southgate, que lançou Sancho e Rashford (foto) ao minuto 120, saiu em defesa dos três abusados

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