CMVM vigia empréstimo obrigacionista
Negociação das ações da Benfica SAD foi suspensa. “Rei dos Frangos” em causa
A dimensão da participação de José António dos Santos na estrutura acionista da SAD do Benfica levou ontem a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a suspender a negociação dos títulos, tendo levantado o impedimento ainda durante a manhã. A “polícia” dos mercados é taxativa nas justificações para este procedimento: “Nos últimos dias, tornaram-se do conhecimento público indícios de irregularidades diversas, suscetíveis de afetar a Sport Lisboa e Benfica - Futebol SAD, de impactar o seu governo societário e de criar opacidade sobre a composição da sua estrutura acionista”.
Tendo em conta que o Benfica tem em fase de subscrição um empréstimo obrigacionista de até 35 milhões de euros – fundamental para ter liquidez neste início de época –, o tema é sensível. E a CMVM não descarta “medidas extraordinárias que possam vir a revelar-se necessárias para proteção dos investidores”. Ouvido pelo JN, Filipe Garcia, CEO da consultora IMS, considera que “a suspensão da emissão obrigacionista não está em causa”. Pelo menos, por agora. “A detenção de Luís Filipe Vieira, por si só, ou as dúvidas que existam sobre quem tem o capital” dificilmente poderão prejudicar as operações da sociedade, porque “o Benfica tem controlo”, como acionista maioritário.
A CMVM comunicou que “existem fortes indícios de que o acionista José António dos Santos, a quem eram imputáveis cerca de 16% do capital social da Benfica SAD, celebrou contratos-promessa de compra e venda de ações, ainda que sujeitos a condição suspensiva, com outros titulares de participações qualificadas, que elevam a sua participação qualificada para medida superior a 20% e que poderão ter como efeito a redução muito significativa ou extinção da participação qualificada desses acionistas (entre os quais José da Conceição Guilherme e Quintas dos Jugais, Lda.)". Estes dados alinham com a notícia de um acordo entre o empresário e um investidor norte-americano, John Textor, para a venda de 25% das ações da SAD.