Jornal de Notícias

Suspeito de fraude de milhões no Brasil preso no Porto

Prometia juros de mais de 200% com investimen­to na Bolsa. Fez dezenas de vítimas e lucrou quase cinco milhões

- Óscar Queirós justica@jn.pt

Foi detido no Porto, pela Polícia Judiciária, um empresário brasileiro que fugiu daquele país em abril, depois de denúncias de fraudes financeira­s que terão lesado dezenas de pessoas num valor que já ultrapassa os 30 milhões de reais (cinco milhões de euros).

Alvo de mandado de detenção internacio­nal, através da Interpol, e acabado de chegar a Portugal, Jorge Moreira Egipto, 30 anos, aguarda na cadeia os trâmites da extradição, mas pode ser libertado, pois as autoridade­s brasileira­s não remeteram o mandado. Falta uma semana para que se esgote o prazo legal de detenção.

Egipto é suspeito de um alegado esquema em pirâmide no qual prometia lucros que podiam chegar aos 230% ao ano. Entre as suas vítimas estão amigos de infância, políticos e pessoas abastadas que acreditara­m nos seus talentos para negociar no mercado bolsista brasileiro. Quantias entre os 150 mil e os dois milhões de reais, muitas vezes as economias de uma vida, passaram não para a Bolsa, mas para o bolso do alegado burlão. Em finais de março um juiz de Belo Horizonte decretou a sua prisão preventiva, mas Jorge Egipto fugiu.

POLÍTICO VINGOU-SE

Jorge Egipto conseguiu enganar muitos, mas houve um que o fez provar o próprio veneno. Segundo fontes próximas da investigaç­ão, o ex-presidente do município de Mariana (Minas Gerais), Duarte Júnior, pediu um empréstimo de 600 mil reais para Egipto investir. Porém, em pouco tempo terá percebido que deitara o dinheiro à rua e urdiu um esquema, com amigos no setor imobiliári­o. Convidaram Egipto a entrar num chorudo projeto, mas teria de ser através do ex-autarca. Ele foi no engodo e transferiu para a sua conta o dinheiro pedido pelos empresário­s. Exatamente 600 mil reais. Quando Egipto percebeu o logro, denunciou o político por investimen­tos com dinheiro ilícito.

Suspeito de quatro crimes

Jorge Egipto (na foto) é suspeito de burla, lavagem de dinheiro, falsificaç­ão de documentos e exercício irregular da profissão (intitulava-se “trader”, especialis­ta em investimen­tos de curto prazo).

Processo de extradição em curso

Logo após a sua detenção, na sequência da emissão de um “alerta vermelho” pela Interpol, a pedido da justiça brasileira, Jorge Egipto foi presente ao Tribunal da Relação do Porto, onde decorre o processo de extradição.

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Tribunal da Relação do Porto está a decidir extradição do suspeito
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