Empresas destruídas por incêndio ainda sem instalações
Empresários de Castelo de Paiva queixam-se de falta de apoios. Ministério adianta que espaço provisório fica pronto neste mês
Um ano depois do incêndio que destruiu a quase totalidade do Centro de Apoio à Criação de Empresas do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, em Castelo de Paiva, desalojando oito empresas com mais de 400 funcionários, quase todas as promessas continuam por cumprir. As instalações provisórias ainda não estão prontas e há quem não tenha recebido quaisquer apoios e isenções da Segurança Social, denunciam empresários. O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social nega e avança que o espaço alternativo fica pronto neste mês.
Revolta. É isso que sentem Cátia Rodrigues e Maria do Céu Gomes, que viram as empresas, da área do corte e costura de calçado, reduzidas a cinzas a 13 de julho do ano passado. A primeira procurou instalações em Penafiel para manter a laboração, a segunda está à espera de fechar atividade, porque não conseguiu continuar sem ajudas. Ambas dizem que os apoios prometidos nunca chegaram.
“A decisão do requerimento de isenção da Segurança Social por seis meses está para Lisboa desde o ano passado. Continuo a pagar. E também a renda das instalações”, explica Cátia Rodrigues, da Saltypula, que conseguiu, ainda assim, manter, “com muito sacrifício”, os 25 postos de trabalho.
O mesmo não pode dizer Maria do Céu Gomes, da Compromisso Aceite, que teve de abrir mão das 15 funcionárias em novembro.
“Prometeram muito e o que aconteceu foi nada”, alega, lembrando os elevados prejuízos. A empresa ainda laborou nas instalações de um cliente e depois entrou em lay-off. “Não tive isenções da Segurança Social. É vergonhoso. Se soubesse que passado um ano não haveria instalações, tinha dado as cartas para o fundo de desemprego no dia a seguir ao incêndio”, reconhece.
TRÊS ANOS SEM RENDA
Entre os apoios anunciados estavam a reconstrução, com “a brevidade possível”, das instalações destruídas e a reinstalação provisória das empresas noutro espaço. “Estamos para celebrar o acordo com o Governo que vai permitir fazer os contratos de arrendamento com as empresas, que durante três anos não vão ter de pagar qualquer valor ao IEFP”, refere o presidente da autarquia, Gonçalo Rocha.
Ao JN, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garante que as empresas foram “acompanhadas”, tendo sido dado “acesso a medidas imediatas como o lay-off, o apoio à retoma ou acordos prestacionais para regularização de dívida”.
“Existem cinco empresas que solicitaram acesso à dispensa parcial ou isenção total do pagamento de contribuições e que não os receberam porque já estão a usufruir dessa isenção ou dessa dispensa pelo facto de estarem abrangidas pelo lay-off ou pelo apoio à retoma progressiva”, explica a mesma fonte.
Já no edifício destruído, foram retirados os destroços e “está a ser estudada a integração de uma unidade de formação profissional, para além dos serviços anteriormente existentes”.