Pensar na floresta
Foram divulgados os primeiros programas na área da formação do PRR, casos do Impulso STEAM, destinado a apoiar iniciativas orientadas para aumentar a graduação em áreas das ciências, tecnologias e engenharias, e do programa Impulso Adultos, visando diversificar a formação pós-secundária, garantir a reconversão e a atualização de competências, para dar resposta à transformação dos mercados de trabalho e da empregabilidade.
Trata-se de uma oportunidade, por exemplo, para a engenharia florestal que, paradoxalmente, é uma formação com reduzida procura pelos jovens. Em cada ano, formam-se menos de duas dezenas de licenciados em Portugal, um número escasso para responder aos desafios das políticas de ordenamento e valorização do conhecimento.
Esta área assume um papel determinante na definição de modelos de silvicultura preventiva que tornem a floresta mais resistente e resiliente ao fogo, bem como na valorização tecnológica dos produtos florestais, alicerçado numa visão de promoção da biodiversidade, de defesa contra a erosão, de correção dos regimes hídricos e da qualidade do ar e da água.
É clara a função da floresta na mitigação dos efeitos das alterações climáticas e do sequestro de carbono, que apelam à multidisciplinaridade, a matriz identificadora do engenheiro florestal dos novos tempos. Acresce ainda o saldo positivo da balança comercial de produtos florestais.
É vital promover entendimentos alargados visando uma nova agenda florestal com efeitos positivos na economia e no desenvolvimento territorial.
Esta visão exige uma aposta ao nível do ordenamento, da gestão florestal e da prevenção de incêndios, sendo crucial apostar numa agenda centrada num modelo de silvicultura baseado na diversificação de espécies, na gestão de combustíveis, na requalificação de áreas ardidas, no apoio fitossanitário e no serviço de ecossistemas que maximize fins múltiplos. Não é possível reduzir a área ardida sem uma forte intervenção e de forma continuada no espaço florestal.
Em síntese, é vital promover entendimentos alargados visando uma nova agenda florestal com efeitos positivos na economia e no desenvolvimento territorial, a qual também passa pela aposta na formação em engenharia florestal.