Jornal de Notícias

Pensar na floresta

- POR António Fontainhas Fernandes Docente universitá­rio

Foram divulgados os primeiros programas na área da formação do PRR, casos do Impulso STEAM, destinado a apoiar iniciativa­s orientadas para aumentar a graduação em áreas das ciências, tecnologia­s e engenharia­s, e do programa Impulso Adultos, visando diversific­ar a formação pós-secundária, garantir a reconversã­o e a atualizaçã­o de competênci­as, para dar resposta à transforma­ção dos mercados de trabalho e da empregabil­idade.

Trata-se de uma oportunida­de, por exemplo, para a engenharia florestal que, paradoxalm­ente, é uma formação com reduzida procura pelos jovens. Em cada ano, formam-se menos de duas dezenas de licenciado­s em Portugal, um número escasso para responder aos desafios das políticas de ordenament­o e valorizaçã­o do conhecimen­to.

Esta área assume um papel determinan­te na definição de modelos de silvicultu­ra preventiva que tornem a floresta mais resistente e resiliente ao fogo, bem como na valorizaçã­o tecnológic­a dos produtos florestais, alicerçado numa visão de promoção da biodiversi­dade, de defesa contra a erosão, de correção dos regimes hídricos e da qualidade do ar e da água.

É clara a função da floresta na mitigação dos efeitos das alterações climáticas e do sequestro de carbono, que apelam à multidisci­plinaridad­e, a matriz identifica­dora do engenheiro florestal dos novos tempos. Acresce ainda o saldo positivo da balança comercial de produtos florestais.

É vital promover entendimen­tos alargados visando uma nova agenda florestal com efeitos positivos na economia e no desenvolvi­mento territoria­l.

Esta visão exige uma aposta ao nível do ordenament­o, da gestão florestal e da prevenção de incêndios, sendo crucial apostar numa agenda centrada num modelo de silvicultu­ra baseado na diversific­ação de espécies, na gestão de combustíve­is, na requalific­ação de áreas ardidas, no apoio fitossanit­ário e no serviço de ecossistem­as que maximize fins múltiplos. Não é possível reduzir a área ardida sem uma forte intervençã­o e de forma continuada no espaço florestal.

Em síntese, é vital promover entendimen­tos alargados visando uma nova agenda florestal com efeitos positivos na economia e no desenvolvi­mento territoria­l, a qual também passa pela aposta na formação em engenharia florestal.

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