Capela de Santa Catarina está em obras e vai reabrir
Templo com mais de 500 anos é um dos mais antigos de Vila do Conde e estava fechado, abandonado e a degradar-se. Altar em talha dourada de 1743 terá de ser alvo de restauro
Tem mais de 500 anos e está fechada há quase duas décadas. A velhinha Capela de Santa Catarina, em Vila do Conde, que outrora inspirou Antero de Quental, serviu durante anos de abrigo a toxicodependentes. Meio escondida, foi local de encontro de namoricos e, já fechada, poiso para negócios menos lícitos. Agora, está finalmente em obras. A CâmaO
PATRIMÓNIO
ra assumiu os trabalhos na estrutura. Ficará apenas a faltar o altar de 1743, mas o prior Paulo César acredita que é desta e já está a tratar da avaliação técnica. Quem ali mora aplaude.
“Estamos a fazer uma intervenção nos arranjos exteriores, pinturas, soalhos, instalação elétrica e sacristias”, explicou o presidente da Câmara, Vítor Costa, que acredita poder ter a obra concluída dentro de uma semana. Os trabalhos estão a ser feitos por pessoal da própria Autarquia. A ideia é estancar a degradação e resolver humidades e infiltrações.
Já o altar, “valiosíssimo”, em talha dourada, datado de 1743, terá de ser restaurado sob a supervisão da Direção Regional de Cultura do Norte. A paróquia, explica Paulo César, já está a contactar técnicos de arte sacra para o diagnóstico.
prior de Vila do Conde lembra que “não era só uma questão de dinheiro”. Qualquer intervenção só fazia sentido concertada com a Autarquia: “Não vamos criar condições e, depois, a iluminação da envolvente, o policiamento, etc. não funcionam. Neste momento, isso está a ser feito”, diz. O pároco acredita que a Festa de Santa Catarina pode regressar em breve. “Pelos altares valiosos, pelo próprio espaço de sacristia, percebe-se que havia muito movimento”, explica.
A capela, que fechou portas nos primeiros anos de 2000, foi construída no final do século XV, num ponto alto, com vista sobre a cidade. Era no seu alpendre que passava as tardes a escrever Antero de Quental, que, entre 1881 e 1891, viveu em Vila do Conde.