Investigador ganha bolsa para procurar planeta igual à Terra
Nuno Cardoso Santos, do Porto, foi um dos três distinguidos com apoio de milhões da Europa
Nuno Cardoso Santos, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e docente na Universidade do Porto, conseguiu um financiamento de 2,5 milhões de euros para ajudar a procurar a Terra 2.0, um planeta semelhante ao nosso a orbitar outra estrela como o Sol. A Advanced Grant, bolsa atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), vai alavancar o projeto FIERCE nos próximos cinco anos. É um dos três investigadores nacionais (Vítor Cardoso e Nuno Bicho) distinguidos com apoio europeu.
“Sabemos que existem muitos planetas a orbitar à volta de outras estrelas, mas detetá-los e caracterizá-los não é fácil”, refere Nuno Cardoso Santos, explicando que uma das dificuldades se prende com o facto de “as estrelas produzirem ‘ruído’, ou seja, há perturbações na luz das estrelas que dificultam as observações”.
O FIERCE (sigla em inglês que significa Encontrar Exo-Terras: abordar os desafios da atividade estelar) visa, precisamente, “entender o ‘ruído’ de forma mais precisa para podermos detetar e caracterizar planetas como a Terra”. Para isso, vai ser construído um pequeno telescópio que será acoplado ao ESPRESSO, um espectrógrafo de muito alta resolução, instalado no Observatório do Paranal (Chile), do Observatório Europeu do Sul. Demorará dois anos. Segue-se a análise de dados.
Atualmente, são conhecidos mais de cinco mil planetas a orbitar outras estrelas, os chamados exoplanetas. No entanto, ainda não foi possível identificar semelhantes à Terra, à distância certa da sua estrela para serem temperados, com água líquida à superfície e uma atmosfera de nitrogénio e de oxigénio.
“Estamos confiantes que, com o que vamos aprender neste projeto, vamos poder reanalisar dados que já existem e outros que serão recolhidos para corrigir as perturbações causadas pelas estrelas e detetar planetas parecidos com a Terra”, considera o investigador Nuno Cardoso Santos. “Estes métodos serão fundamentais para que se possa estudar, em detalhe, os planetas rochosos hoje detetados, bem como os que serão descobertos por missões espaciais futuras, como a PLATO, da Agência Espacial Europeia”.
Outros dois projetos em Portugal conseguiram bolsas de financiamento Advanced Grants do ERC. Vítor Cardoso, do Técnico de Lisboa, conquistou dois milhões para “Gravitas”, ao passo que Nuno Bicho, da Universidade do Algarve, tem 2,5 milhões para “Dispersões”.