Ex-autarca nega intervenção em ajustes diretos
Celso Ferreira, antigo presidente de Paredes, é acusado de crimes de prevaricação em obras de 15 centros escolares
Celso Ferreira, ex-presidente da Câmara de Paredes, negou ontem, no Tribunal de Penafiel, ter intervindo na contratação das empresas que desenvolveram os projetos de arquitetura e fiscalização de 15 centros escolares. No arranque do julgamento, também disse que foi o Departamento de Fomento Municipal a escolher o modelo de contratação que permitiu dividir os projetos em diferentes empreitadas e adjudicá-los por ajuste direto.
Acusado de dois crimes de prevaricação, o ex-autarca alegou que a lista das empresas a convidar para a renovação do parque escolar, onde constavam os nomes das empresas do arquiteto Carlos Lacerda Lopes e de Mário Pina Bernardo, lhe foi entregue pelo referido Departamento Municipal.
Os projetos foram divididos em diferentes empreitadas, evitando assim a realização de concurso público, mas Celso Ferreira garantiu que o modelo de contratação lhe foi proposto por Virgílio Vaz, o diretor do Departamento de Fomento Municipal. “As contratações apareciam uma a uma e não pus isso em causa”, frisou, refutando a intenção de beneficiar os empresários em questão, que desconhecia antes do projeto, alegou.
Também ouvido ontem, Virgílio Vaz declarou que recebia “indicações diretas” do presidente para abertura dos procedimentos e que a decisão de abrir 15 para a construção dos centros escolares se deveu à falta de terrenos. “Não tínhamos terreno para 15 escolas e tínhamos de os ir abrindo à medida que os arranjávamos”, referiu.
Questionado sobre a lista de empresas a convidar para a empreitada, o agora reformado disse não se recordar de quem lha fez chegar. Mas, em inquérito, dissera que tinham sido o autarca Celso Ferreira e o seu assessor Filipe Carneiro. Perante a contradição, o Ministério Público requereu a extração de certidão, para abertura de um inquérito-crime por falsidade de testemunho.