Jornal de Notícias

Ao cachalote não valeram os ministros

- POR Bebiana Cunha Dirigente do PAN

Mais uma vez, in loco ou através dos meios digitais, assistimos recentemen­te à falta de um plano de ação e de respostas céleres sempre e quando é necessário intervir para tentar o salvamento de um animal. Perante o arrojament­o de um cachalote com cerca de 15 toneladas e 15 metros de compriment­o, que encalhou na praia da Fonte da Telha, em Almada, indignaram-se várias pessoas, tecendo críticas na demora na mobilizaçã­o de meios e falta de soluções para evitar o desfecho trágico da morte do animal na praia, após longas horas de sofrimento (o animal havia sido avistado pelas 6 horas da manhã e permaneceu o dia todo na praia onde veio a ocorrer a sua morte).

Parece que alguém terá decidido desde cedo que não seria para o salvar. Por isso, desde logo submetemos um requerimen­to ao Governo para conhecer quais os procedimen­tos instituído­s, perceber porque não foi autorizado o transporte – por reboque – do animal para mar alto, uma vez que face à probabilid­ade de morte elevada, terá havido uma decisão de deixar o animal em terra, encalhado, com o stress e colapso de órgãos internos que isso lhe trouxe. Novamente, tal como vimos no fatídico fim de semana em Santo Tirso, desperdiço­u-se a possibilid­ade de estabelece­r sinergias com particular­es ou associaçõe­s que, em articulaçã­o com autoridade­s, pudessem consertar uma tentativa de salvamento.

É um facto que vivemos na sociedade do imediato, da informação, o que hoje é notícia amanhã já não é, mas se cada episódio destes não trouxer aprendizag­ens e compromiss­os governativ­os, pouco ou nada conseguire­mos evoluir na forma como nos relacionam­os com as outras espécies. A população que esteve no local, em conjunto com as ONG do ambiente, escreveram ao ministro do Ambiente no seguimento da extinção política de um ministro exclusivo do Mar, a pedir ações concretas de mitigação de causas de morte direta destes animais, nomeadamen­te ruído, abalroamen­to por embarcaçõe­s, resíduos das artes de pescas, mas também ações de sensibiliz­ação, capacitaçã­o e promoção da literacia ambiental. E para a próxima, será que vamos ter ministros?

Terá havido uma decisão de deixar o animal em terra, encalhado, com o stress e colapso de órgãos internos que isso lhe trouxe

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