Ao cachalote não valeram os ministros
Mais uma vez, in loco ou através dos meios digitais, assistimos recentemente à falta de um plano de ação e de respostas céleres sempre e quando é necessário intervir para tentar o salvamento de um animal. Perante o arrojamento de um cachalote com cerca de 15 toneladas e 15 metros de comprimento, que encalhou na praia da Fonte da Telha, em Almada, indignaram-se várias pessoas, tecendo críticas na demora na mobilização de meios e falta de soluções para evitar o desfecho trágico da morte do animal na praia, após longas horas de sofrimento (o animal havia sido avistado pelas 6 horas da manhã e permaneceu o dia todo na praia onde veio a ocorrer a sua morte).
Parece que alguém terá decidido desde cedo que não seria para o salvar. Por isso, desde logo submetemos um requerimento ao Governo para conhecer quais os procedimentos instituídos, perceber porque não foi autorizado o transporte – por reboque – do animal para mar alto, uma vez que face à probabilidade de morte elevada, terá havido uma decisão de deixar o animal em terra, encalhado, com o stress e colapso de órgãos internos que isso lhe trouxe. Novamente, tal como vimos no fatídico fim de semana em Santo Tirso, desperdiçou-se a possibilidade de estabelecer sinergias com particulares ou associações que, em articulação com autoridades, pudessem consertar uma tentativa de salvamento.
É um facto que vivemos na sociedade do imediato, da informação, o que hoje é notícia amanhã já não é, mas se cada episódio destes não trouxer aprendizagens e compromissos governativos, pouco ou nada conseguiremos evoluir na forma como nos relacionamos com as outras espécies. A população que esteve no local, em conjunto com as ONG do ambiente, escreveram ao ministro do Ambiente no seguimento da extinção política de um ministro exclusivo do Mar, a pedir ações concretas de mitigação de causas de morte direta destes animais, nomeadamente ruído, abalroamento por embarcações, resíduos das artes de pescas, mas também ações de sensibilização, capacitação e promoção da literacia ambiental. E para a próxima, será que vamos ter ministros?
Terá havido uma decisão de deixar o animal em terra, encalhado, com o stress e colapso de órgãos internos que isso lhe trouxe