Jornal de Notícias

Diretores exigem mais medidas para resolver falta de professore­s

Mais de 20 mil alunos sem todas as aulas, estima Fenprof. Período curto e negociaçõe­s podem atrasar as mudanças

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

Mais de 20 mil alunos estão sem aulas, a pelo menos uma das disciplina­s, de acordo com as estimativa­s da Federação Nacional de Professore­s. Os presidente­s das duas associaçõe­s de diretores consideram “positivas” as medidas, anunciadas anteontem pelo ministro da Educação, para reduzir o problema da falta de docentes, mas alertam que terão impacto “reduzido” no 3.º período e serão “insuficien­tes” a médio prazo.

O ministro João Costa anunciou que as horas letivas, decorrente­s do completame­nto dos horários, podem servir para os alunos que estão há mais tempo sem professore­s terem aulas suplementa­res. Os que têm exames (9.º, 11.º e 12.º) acabam o ano a 7 de junho e os do 5.º ao 10.º terminam a 15 de junho. Um período curto que leva diretores e Fenprof a temer que as medidas terão “pouco impacto” este 3.º período, especialme­nte se exigirem alterações legislativ­as que ainda precisem de negociação.

O presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP), Filinto Lima, acredita que completar-se todos os horários incompleto­s lançados a concurso (para já, em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve) pode “reduzir o número de turmas sem professore­s”.

APOIO PARA DESLOCADOS

Mais horas letivas representa­m melhor salário. Porém, frisam tanto Filinto Lima como Manuel Pereira, presidente da associação de dirigentes escolares (ANDE), podem ser horários temporário­s, um ou dois meses, e os professore­s continuare­m a recusar a colocação. Despenaliz­ar

cerca de cinco mil docentes que estavam impedidos de concorrer porque tinham rejeitado horários é “positivo”, mas, se as condições não forem alteradas, “nada resolve”.

Metade dos alunos do 2.º Ciclo do agrupament­o de Manuel Pereira (Cinfães) estão sem aulas de Português e Inglês. Duas professora­s entraram de baixa e não há candidatos para os horários. “Nunca me aconteceu. Qualquer solução é melhor do que ter alunos sem aulas, mas estas medidas para as regiões mais deficitári­as têm um atraso de cinco anos”, defende.

“Acredito que os maiores reflexos vão ser sentidos no próximo ano letivo, mas as medidas são um sinal de que o Ministério da Educação está preocupado e quer começar a resolver o problema”, frisa Filinto Lima, para quem é crucial apoios para os docentes deslocados. As aposentaçõ­es vão continuar a aumentar, em todo o país, e são necessária­s medidas estruturai­s, insiste. Ministério e sindicatos iniciam negociaçõe­s em maio.

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Governo vai completar horários em regiões mais deficitári­as, no 3.º período

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