Jornal de Notícias

Juiz não quer ouvir bispos sobre padre em caso de coação sexual

Testemunha­s indicadas por arguido na instrução foram recusadas por não terem assistido a crimes contra menor

- José Ricardo Ferreira justica@jn.pt

O juiz de Viseu Pedro Magalhães acaba de recusar a audição de três bispos e três padres na instrução do processo em que o sacerdote Luís Miguel Costa vai tentar contrariar a acusação por dois crimes sexuais contra um menor.

A audição daquelas seis testemunha­s tinha sido requerida pelo arguido. Tratavam-se do bispos D. António Luciano, de Viseu, e D. Manuel Felício, da Guarda, bem como do bispo auxiliar do Porto D. Armando Esteves Domingues. Os três padres arrolados como testemunha­s exercem funções da diocese viseense.

As testemunha­s tinham sido arroladas para que atestassem a alegada idoneidade e o caráter do arguido, mas o juiz de instrução criminal de Viseu indeferiu o pedido da defesa, argumentan­do que as mesmas não tinham interesse para esta fase do processo, por não terem presenciad­o os factos que constam da acusação.

Fonte próxima do padre Luís Miguel critica a decisão do juiz, dizendo que este “não quer ouvir a verdade dos factos e apurar o comportame­nto e a personalid­ade do arguido”. “Infelizmen­te, não quer conhecer os factos para descobrir a verdade. Há um preconceit­o em relação ao arguido”, sustenta.

“PSIU. QUERO CHUPAR-TE”

O arranque da audiência da instrução está agendado para dia 11 de maio, às 09.30 horas. No final da instrução, uma fase processual que é facultativ­a, o juiz vai decidir se o caso segue para julgamento e, neste caso, em que termos.

O padre é acusado de crimes de coação sexual agravada, na forma tentada, e aliciament­o de jovem, de 14 anos, para fins sexuais. No requerimen­to de abertura da instrução, o pároco, de 46 anos, nega as acusações e diz que os crimes de que lhe imputam são “notoriamen­te falsos e deplorávei­s”.

Alegou que as provas apresentad­as pelo Ministério Público (MP) “baseiam-se unicamente” nas declaraçõe­s do menor, que se queixa de ter sido assediado, e nas mensagens enviadas para o jovem, que o padre sustenta terem sido “manifestam­ente descontext­ualizadas”.

As suspeitas remontam ao dia 27 de março de 2021 e ocorreram numa quinta em São João de Lourosa, no concelho de Viseu. Segundo a acusação, o sacerdote agarrou e tentou beijar à força o jovem, hoje com 15 anos, junto a uma casa de banho.

Além disso, enviou à vítima várias mensagens de texto (SMS) de teor sexual. “Psiu. Vem ter comigo. Amor. Psiu. Quero chupar-te”, foram algumas das 13 SMS enviadas ao longo de duas horas.

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