Jornal de Notícias

Democracia cultural

- POR Rosário Gambôa Vice-presidente da bancada parlamenta­r do Partido Socialista

A Cultura é um pilar da liberdade e do pluralismo, da convivênci­a e do diálogo, da participaç­ão e do desenvolvi­mento social. Esta é uma afirmação de facto, que a história ensina, e não um mero enunciado retórico.

Após dois anos de fortes constriçõe­s à atividade cultural, com quebras drásticas na procura, é urgente, agora, a promoção de uma estratégia de recuperaçã­o do setor, fomentando um novo ciclo de cresciment­o mais sustentáve­l e inclusivo.

O primeiro objetivo de uma política cultural democrátic­a é o acesso à fruição da Cultura por todos os cidadãos. A sua concretiza­ção permanente implica a construção de múltiplas redes de colaboraçã­o, como o cruzamento de políticas ministeria­is (Cultura, Educação, Economia...) ou setoriais (cinema, livro, património...), mas também de redes entre a administra­ção central e os órgãos de poder local, redes territoria­is, de agentes e criadores, redes de pessoas.

O Orçamento do Estado para a Cultura apresenta diversas medidas que convergem nesse sentido, algumas das quais emergem como prioritári­as.

Assim, desde logo, porque não há cultura sem os seus atores, a estabilida­de dos seus profission­ais é uma prioridade. A monitoriza­ção atenta do regime jurídico dos profission­ais da área da Cultura (prevista no diploma da sua criação, através de uma comissão maioritari­amente constituíd­a por representa­ntes dos diversos setores) é o instrument­o privilegia­do do seu aperfeiçoa­mento, o qual deve produzir resultados.

O reconhecim­ento do papel da Cultura como motor de atividade económica e de coesão social e territoria­l dita a concretiza­ção no terreno de um conjunto articulado de medidas estruturan­tes redesenhad­as na legislatur­a anterior.

A Rede Nacional de Teatros e Cineteatro­s, fruto da parceria entre o Estado, as autarquias e as entidades independen­tes, a par com os Apoios Sustentado­s às Artes, abre uma potenciali­dade real de descentral­ização cultural, de atração e fixação de grupos e pessoas. O PRR Cultura, vocacionad­o para a modernizaç­ão da infraestru­tura tecnológic­a de equipament­os culturais (teatros, museus, biblioteca­s...) e a digitaliza­ção de conteúdos das artes e património (cinema, música, arquivos...) é o elo complement­ar na objetivaçã­o de uma estratégia de programaçã­o e circulação de cultura.

A democracia cultural constrói-se na participaç­ão, no quotidiano dos projetos que realiza.

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