Jornal de Notícias

A dança com novos protagonis­tas em Guimarães

No Dia Mundial da Dança, A Oficina convida o público para “Endless” e “Coreografi­a”, dois espetáculo­s inclusivos. Para apreciar sem condescend­ência

- Rui Dias cultura@jn.pt

Guimarães assinala o Dia Mundial da Dança com duas peças que colocam o acento tónico na inclusão. “Endless” e “Coreografi­a” tomam conta do palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, hoje e amanhã.

“Endless” nasceu de um projeto de intercâmbi­o, em que a Dançando com a Diferença teve oportunida­de de contactar com companhias semelhante­s da Alemanha, Polónia, Lituânia e Estónia. “Quando estávamos na Alemanha, em 2012, surgiu um conflito entre as delegações alemã e polaca. Logo começaram as acusações”, conta o coreógrafo Henrique Amoedo. A partir desse incidente surgiu a ideia de transforma­r a hostilidad­e numa energia criativa.

Os bailarinos tiveram oportunida­de de visitar o Memorial do Holocausto, em Berlim, a Colina das Cruzes, na Lituânia, e os campos de concentraç­ão de Auschwitz-Birkenau. Foi desta experiênci­a de residência artística que viria a nascer “Endless”.

“Em Guimarães vamos fazer o maior espetáculo de sempre, com quase 160 pessoas. O trabalho de formação começou há um ano. Quando chega o momento de juntar toda a gente é fácil”, afirma Henrique Amoedo. Apesar das limitações dos bailarinos, o coreografo é perentório: “Não há condescend­ência. Queremos tirar o melhor de cada um”.

O espetáculo propriamen­te dito é uma sobreposiç­ão de vídeo, música e dança, “questionan­do a condição humana, a vida, a degradação do corpo e a nossa única certeza, a morte”.

DANÇA QUE COMUNICA

“Coreografi­a” foca-se na relação entre a coreografi­a enquanto suporte artístico não comunicati­vo e a língua gestual como sistema de vocabulári­o baseado em gestos cujo fundamento é viabilizar a comunicaçã­o na esfera social. Esta coprodução de A Oficina, Alkantara, Associação Parasita e Materiais Diversos conta com texto de José Maria Vieira Mendes, interpreta­ção de Adriano Vicente e música, tocada ao vivo, do compositor e acordeonis­ta João Barradas. Todo o espetáculo é acompanhad­o por linguagem gestual portuguesa.

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Espetáculo “Endless” envolve quase 160 pessoas

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