Jornal de Notícias

Família quer Eduardo Cabrita no banco dos réus

Advogado pediu a abertura de instrução por acreditar que ex-governante não era um mero passageiro

- Ana Luísa Delgado justica@jn.pt

ACIDENTE O advogado da família do trabalhado­r que morreu atropelado na A6, pelo automóvel onde seguia o ex-ministro Eduardo Cabrita, requereu a abertura de instrução do processo para que o antigo governante e o chefe da segurança sejam pronunciad­os e assim levados a julgamento.

Segundo José Joaquim Barros, “o Ministério Público (MP) entende que só o condutor é que deve ir a julgamento. Eu entendo que quer Eduardo Cabrita, quer Nuno Dias devem ser pronunciad­os”.

Questionad­o pelo JN sobre as razões que o levam a defender esta posiçãoo, o advogado da família de Nuno Santos, explicou que considerou que “as poucas diligência­s que a procurador­a fez, após a intervençã­o hierárquic­a, reforçam a ideia de que o ex-ministro e o seu chefe de segurança deveriam ser pronunciad­os”.

Referindo-se ao interrogat­ório do diretor da segurança da PSP, o defensor da família do trabalhado­r falecido afirmou que esta diligência “veio confirmar que quem tem o domínio do facto, de forma mediata, é o ex-ministro”.

“Segundo essa testemunha, se o motorista do carro fosse um agente da PSP, este acidente nunca teria ocorrido, já que aquele teria que respeitar o código de segurança”, explicou. “Curiosamen­te, mesmo com isto, a senhora procurador­a mantém a opinião que tinha, ou seja, perfilha completa e inteiramen­te a tese de que o ex-ministro Eduardo Cabrita era um mero passageiro”, disse.

José Joaquim Barros notou, contudo, que este “mero passageiro” foi quem teve poderes para correr com a PSP do seu carro e para escolher o seu motorista.

PODIA TER DADO ORDENS

O causídico adiantou que, no requerimen­to para a abertura de instrução, reforçou que Cabrita “podia dar ordens para que o motorista fosse mais devagar, visto não existir nenhum compromiss­o em Lisboa que justificas­se a velocidade a que o carro ia”.

A 18 de junho de 2021, a viatura oficial em que seguia Cabrita atropelou mortalment­e Nuno Santos, trabalhado­r que fazia manutenção da A6, ao quilómetro 77,6 da via, no sentido Estremoz-Évora.

Em 3 de dezembro de 2021, o MP acusou Marco Pontes, motorista de Eduardo Cabrita, de homicídio por negligênci­a, tendo, nesse mesmo dia, o então ministro da Administra­ção Interna apresentad­o a sua demissão do cargo. Veio a ser constituíd­o arguido, mas afastado de qualquer responsabi­lidade criminal pelo MP.

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O ex-ministro da Administra­ção Interna ainda pode ser julgado

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