Jornal de Notícias

Falar português é o “trunfo” para integrar imigrantes

Câmara de Famalicão dinamiza três turmas de alunos estrangeir­os, que querem expressar-se no idioma do país que os acolheu para singrar na vida

- Alexandra Lopes locais@jn.pt

FORMAÇÃO Manjit, de 25 anos, chegou a Famalicão vinda da Índia no final do ano passado. Veio ao encontro de amigos que já cá estavam e em busca de uma vida melhor. Quase não fala português mas quer aprender e para isso frequenta as aulas de Português Língua de Acolhiment­o, que decorrem na Escola Secundária Camilo Castelo Branco.

“Ela quer muito aprender a língua até para poder socializar”, explica Marina Vale, a professora que lhe dá aulas duas vezes por semana. Na turma de Manjit estão outros 15 imigrantes, a esmagadora maioria jovens indianos (ler caixa).

Este ano letivo estão a funcionar três turmas de Português Língua de Acolhiment­o, num total de 50 alunos. Em breve vão abrir outras duas para refugiados vindos da Ucrânia.

Estas aulas decorrem dois dias por semana, à noite, e pretendem facilitar a integração da comunidade imigrante. Embora a vontade e necessidad­e de aprender português seja muita, em alguns casos o horário dificulta a frequência das mesmas. “Por causa do transporte, porque muitos dos alunos trabalham por turnos, ou porque são casais com filhos que não têm onde os deixar para ir às aulas”, adianta Sofia Fernandes, vereadora da Integração e Intercultu­ralidade da Câmara de Famalicão.

Por isso, a Autarquia está a trabalhar com o estabeleci­mento de ensino e o Instituto de Emprego e Formação Profission­al (IEFP) a possibilid­ade destas aulas poderem ser também transmitid­as online, descentral­izadas ou decorrerem noutro período do dia, de forma que todos as possam frequentar.

Para já, Manjit não tem

nenhuma destas dificuldad­es. Trabalha numa fábrica de calçado em Guimarães e mora com amigos indianos em Famalicão. “Não percebo quase nada de português, é difícil. Por isso decidi frequentar as aulas e estou a gostar, mas não é fácil”, diz em inglês.

PERCEBEM MAS NÃO FALAM

Ravi Kumar não pode dizer o mesmo. Tem de sair uma hora mais cedo das aulas para poder ir trabalhar numa metalúrgic­a na Trofa. “Não falo quase nada em português mas percebo, por isso é que decidi vir para as aulas”, conta, numa mistura entre inglês e português.

As grandes diferenças entre as línguas dos estrangeir­os residentes em Portugal e o idioma de acolhiment­o é uma dificuldad­e que os docentes vão tentando contornar recorrendo a várias estratégia­s. A repetição é um desses tru

ques. A professora Marina insiste, repete mais uma vez, os alunos seguem-na na tentativa de pronunciar os novos vocábulos. Uns já começam a acertar, mas outros ainda refletem o início do contacto com a língua portuguesa.

ADAPTAR HORÁRIOS

Amanpreet Kaur ainda tem muitas dificuldad­es em pronunciar palavras em português, mas esforça-se até conseguir acertar. Até porque agora o foco é aprender a falar, compreende­r e escrever português, porque é algo essencial para conseguir um trabalho como enfermeira. “Quero muito aprender, preciso de saber a língua mas é difícil”, diz.

Para Sofia Fernandes a língua é essencial para uma boa integração dos imigrantes por isso está apostada em adaptar as lições de português à disponibil­idade dos alunos.

 ?? ?? Aulas decorrem, duas vezes por semana, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco
Aulas decorrem, duas vezes por semana, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal