Jornal de Notícias

Legislativ­as em suspense até à última contagem

Resultados oficiais cortam discurso triunfal de Mélenchon. Macron vence por 21 441 votos. Segunda volta decisiva: maioria absoluta, relativa ou coabitação?

- Almiro Ferreira almiro@jn.pt

FRANÇA Se saiu vencedor do duelo com a extrema-direita de Marine Le Pen nas presidenci­ais de abril, agora, dois meses depois, é com a união das esquerdas, federadas por Jean-Luc Mélenchon, que o presidente Emmanuel Macron terá de lidar na segunda volta das legislativ­as, para saber se conseguirá manter a maioria, seja absoluta ou relativa, ou governar em coabitação com um Executivo divergente e mesmo hostil, como ameaça a NUPES, de Jean-Luc Mélenchon, que passou a noite de domingo a celebrar a vitória que a contagem oficial dos votos não confirmou. O Ensemble!, de Macron, venceu a primeira volta por 21 441 votos.

A margem entre os principais candidatos é tão pequena que a segunda volta das legislativ­as, marcada para o próximo domingo, será, en

tão, mais uma moção anti-Macron, a que o presidente da França tentará sobreviver. Para já, e ao contrário do que anunciavam as projeções da noite de domingo, a maioria presidenci­al saiu vencedora, à frente de Mélenchon. Nada de significat­ivo, mas que teve o efeito de abafar os discurso de vitória da coligação da Nova União Popular Ecologista e Social.

MOBILIZAÇíO

Estes 21 441 votos contam pouco e não deixam de ilustrar um empate técnico. Cada qual das 577 subscriçõe­s elege um deputado e apenas cinco foram já eleitos na primeira volta, os que conseguira­m, cumulativa­mente, 50% dos votos expressos e o mínimo de 25% dos inscritos nos cadernos eleitorais.

Como a abstenção atingiu a casa dos 52%, só cinco circunscri­ções elegeram o respetivo deputado, o que significa que os outros 572

círculos continuam com a corrida aberta. Até lá, será tempo de apelar à mobilizaçã­o dos franceses que não foram votar no domingo e de seduzir votantes de campos próximos ou mesmo contrários.

Se não conseguir mais do que a maioria relativa, Macron terá, então, de procurar coligações com outras reservas de votos e uma das saídas que se afiguram mais viáveis é a negociação com Os Republican­os, que recolheram 10,42% dos votos.

Seja como for, o suspense manter-se-á, por via da progressão da NUPES, do ressurgime­nto do centro-direita republican­o e do também do reposicion­amento da extrema-direita, ainda que os candidatos da União Nacional (8,68%) não tenham capitaliza­do a dinâmica de Marine Le Pen nas presidenci­ais, quando conseguiu mais de 41% dos votos expressos na segunda volta, perdida para Emmanuel Macron.

Quais são as regras do sufrágio?

Para ser eleito na primeira volta, o candidato terá de recolher a maioria absoluta dos votos expressos e um mínimo de 25% do número de eleitores inscritos nos cadernos do círculo eleitoral. Para chegar à segunda volta, terá de obter um mínimo de 12,5% dos eleitores registados no círculo.

Quem são os cinco deputados já eleitos?

São da Nova União Popular, Ecológica e Social (NUPES), dos círculos de Paris e de Seine-Saint-Denis, todos militantes da França Insubmissa, que concorreu às presidenci­ais. O Ensemble! (Juntos!), da maioria presidenci­al, elegeu Yannick Favennec (57%), em Mayenne (Loire).

Quais são as regras do sufrágio?

Os deputados da Assembleia Nacional são eleitos em escrutínio direto, universal e uninominal a duas voltas. Desde 1958, todas as eleições foram realizadas segundo este modo de escrutínio, à exceção das eleições de 1986, disputadas em escrutínio proporcion­al e plurinomin­al e em sufrágio direto, a uma volta. Nesse ano, a Direita, liderada por Jacques Chirac, venceu com maioria absoluta (290) e constituiu o primeiro Executivo de coabitação, com o presidente socialista François Mitterrand.

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Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon vão empatados para a segunda volta

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