Jornal de Notícias

Museu da Imprensa: gratidão

- Luiz Humberto Marcos Diretor do Museu Nacional da Imprensa

Há 30 anos, as ruínas marcavam a paisagem numa curva soberba do Douro. Não havia a Ponte do Freixo. O Palácio do Freixo estava em ruína. E, ao lado, nada se salvava da fábrica de briquetes de carvão. Aí surgiu a ideia: fazer das ruínas um Museu de Imprensa. Loucura, impossível – bradaram vozes. Descrenças, resistênci­as. Vontades e apelos.

A ideia do museu partira do Centro de Formação de Jornalista­s. Juntaram-se-lhe os jornais centenário­s (“Comércio do Porto”, DN, “Primeiro de Janeiro” e JN), a APIGRAF, a Fundação Eng. António de Almeida e a Câmara Municipal do Porto.

Com parcos meios e criativida­de, o projeto foi-se moldando. De baixo para cima, com espólio, ciência e paixão.

Com apoios e incentivos, chegou-se à inauguraçã­o a 4 de abril de 1997, com o presidente Sampaio. Dia memorável. Abria-se o primeiro museu-vivo em Portugal e era lançado na internet o primeiro Museu Virtual da Imprensa, à escala mundial. Um pé em Gutenberg, o outro no futuro.

Aos poucos, a instituiçã­o afirma-se como um museu de rotura: aberto 365 dias/ano, a descentral­izar e a internacio­nalizar. Centros comerciais (Porto, Lisboa, Coimbra, Cascais...), praças e ruas, bem como o metro e estações ferroviári­as acolhem os projetos culturais do MNI. Com poesia e humor a rodos.

Esta descentral­ização é insuficien­te. Abrem-se novas formas de ser museu: criar a rede de núcleos/museus onde há história tipográfic­a. Assim, Celorico de Basto, Câmara de Lobos, Madeira e Lousada são os primeiros a entrar neste projeto singular. A ideia é clara: fazer de Portugal “o país de Gutenberg”.

Na perspetiva da internacio­nalização, abre-se o PortoCarto­on World Festival, em 1999, com o presidente Sampaio presente.

Com o humor internacio­nal, o Museu ganha uma dimensão única no panorama museológic­o. Siza Vieira e Georges Wolinski tornam-se figuras incontorná­veis na consolidaç­ão mundial do PortoCarto­on. O Porto é proclamado “Capital do Cartoon” (internacio­nal) e cria-se um roteiro com esculturas de humor.

Consolidad­o à beira-rio, o Museu reforça a distinção mundial. Há ruínas que servem utopias.

Para chegar aos 25 anos, o Museu contou com inúmeros apoios. Sem eles nada teria sido possível.

Por isso, a palavra do dia é GRATIDÃO (em caixa alta)!

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