Produtos energéticos atingem valor mais elevado em 37 anos
Inflação volta a bater recordes em Portugal com variação homóloga de 8% em maio. Energia é o setor que mais contribui para a subida dos preços
DINHEIRO O Instituto Nacional de Estatística (INE) apontou ontem que a variação homóloga do índice de preços no consumidor (IPC) foi de 8,0% em maio, acima dos 7,2% de abril e o valor mais alto desde fevereiro de 1993. Quanto aos produtos energéticos, a variação deste índice também bateu recordes: aumentou para 27,3%, o número mais elevado em 37 anos.
O IPC é o indicador que permite medir a evolução dos preços de um conjunto de bens e serviços pagos pelo consumidor e calcular a inflação do país. De acordo com as contas do INE, a energia é dos setores mais significativos na subida geral dos preços. “A variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 27,3% (26,7% no mês precedente), valor mais elevado desde fevereiro de 1985”, lê-se no comunicado do instituto.
Por classes de despesa e face ao mês anterior, o INE destaca o aumento da taxa de variação homóloga da “habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis”, que chegou aos 13,4%. Seguidas das bebidas alcoólicas e do tabaco, cuja variação foi de 2,8%.
Relativamente ao índice dos produtos alimentares não transformados, como os frescos, a variação foi inferior, mas ainda assim significativa: de 11,6% em maio. Em abril, tinha ficado pelos 9,4%. Mesmo retirando a energia e os produtos alimentares não transformados da equação, a inflação subjacente, que não tem em conta fatores temporários ou circunstanciais, “também acelerou”, diz o INE, registando uma variação de 5,6% (5,0% em abril).
IHPC ACIMA DA ZONA EURO
Já a variação mensal do IPC foi de 1,0%. No mês passado tinha sido de 2,2% e de 0,2% em maio de 2021. “A
variação média dos últimos doze meses foi 3,4%”, precisa o INE.
O índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) português, o indicador da inflação que permite fazer comparações entre países da União Europeia, apresenta “uma variação homóloga de 8,1%”. O valor é o mais elevado “desde o início da série do IHPC, em 1996”. “Esta taxa é superior em 0,7 p.p. [pontos percentuais] à do mês anterior e idêntica ao valor estimado pelo Eurostat para a área do Euro (em abril, esta diferença foi também nula)”, lê-se no relatório sobre a inflação.
Também excluindo os produtos alimentares não transformados e os produtos energéticos, “o IHPC em Portugal atingiu uma variação homóloga de 5,8% em maio”. O que está acima da “taxa correspondente para a área do euro (estimada em 4,4%), mantendo o perfil marcadamente ascendente verificado nos últimos meses”, conclui. * COM