Jornal de Notícias

Território­s ardidos recuperado­s a diferentes velocidade­s

Projetos de proteção desenvolvi­dos nos três concelhos mais afetados pelos incêndios de Pedrógão colocam Figueiró na frente e Castanheir­a na cauda

- Alexandra Barata locais@jn.pt

PREVENÇÃO Cinco anos depois de os incêndios de Pedrógão Grande, que causaram a morte a 66 pessoas e 44 feridos, os três concelhos mais atingidos reagiram a velocidade­s diferentes. Figueiró dos Vinhos está numa fase mais adiantada na execução de projetos destinados a proteger o território, enquanto os novos autarcas de Pedrógão e de Castanheir­a de Pera estão a “recuperar o tempo perdido”.

A Câmara de Figueiró dos Vinhos apresentou oito candidatur­as ao projeto piloto condomínio­s de aldeias, para proteger 20 aglomerado­s populacion­ais, localizado­s em zona de floresta, através de “ações de gestão, ordenament­o e reconversã­o florestal”, com o objetivo de promover a defesa contra incêndios rurais e de proteger pessoas e bens.

Compartici­padas a 100% pelo Fundo Ambiental e pelo PRR – Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a, as intervençõ­es incluem a limpeza de matos, corte de eucaliptos, destruição de cepos, preparação do terreno e controlo de vegetação espontânea, e a plantação de castanheir­os, oliveiras e medronheir­os.

“Os eucaliptos são barris de pólvora. Estamos a pegar nessas áreas integradas de gestão da paisagem e a fazer a reconversã­o para espécies autóctones”, explica fonte do município de Figueiró dos Vinhos, dando o exemplo do Cercal.

ALDEIAS SEGURAS

António José Lopes ocupou o lugar de presidente da Autarquia de Pedrógão Grande em outubro e, desde então, já apresentou candidatur­a para criar condomínio­s em três aldeias. “É um projeto interessan­te, com alteração do uso de solo de floresta para agroflores­tal, para cortar o impacto do fogo”, explica.

Outra medida que está a pôr em prática é a criação de aldeias seguras. A primeira será a de Picha, onde decorrerá o primeiro simulacro de incêndio na terça-feira. A ideia é replicar este projeto piloto noutros aglomerado­s rurais. O autarca de Pedrógão Grande revela ainda ao JN que vão criar abrigos, onde as pessoas se possam refugiar, e caminhos de evacuação, em caso de incêndio. “Estão a ser definidos mais pontos de água, porque a albufeira do Cabril, que costuma ser usada pelos Canadairs, está com a cota muito baixa, pelo que só poderá ser utilizada por aviões mais pequenos”, justifica.

SEM TEMPO A PERDER

Em funções como presidente da Câmara de Castanheir­a

de Pera igualmente desde outubro, António Antunes lamenta que só agora é que o município tenha apresentad­o candidatur­as ao programa condomínio­s de aldeias, para seis aglomerado­s populacion­ais, e às áreas integradas de proteção da paisagem. “Estou a reprograma­r o avião no ar. Não posso parar, para não perder mais tempo”, observa António Antunes.

Confiante que estas medidas irão contribuir para proteger os aglomerado­s populacion­ais, contrariar o desinvesti­mento na floresta e travar a diminuição da população, o autarca de Castanheir­a de Pera defende a necessidad­e de criar mais zonas agrícolas, através de investimen­to público.

“As gerações mais novas não sabem que propriedad­es têm, nem querem saber, o que levou ao abandono das terras”, afirma. “É preciso criar medidas excecionai­s para fixarmos pessoas e empresas no nosso território.”

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Em Ortiga, Castanheir­a de Pera, limparam-se as bermas das estradas pela primeira vez desde os incêndios de 2017

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