Ministra promete formar mais médicos, contratar todos e pagar melhor
Marta Temido foi criticada no Parlamento e apresentou propostas para solucionar o problema das urgências de obstetrícia. Chega quer a demissão
DEBATE A ministra da Saúde apresentou, ontem, no Parlamento, as respostas para solucionar os problemas das urgências de Obstetrícia, que têm encerrado por falta de médicos. Desafiada a pôr o lugar à disposição pelo Chega e criticada por estar “deslumbrada pela popularidade” pela Iniciativa Liberal, Marta Temido garantiu continuar a lutar pelo SNS.
Chamada pelo Chega para um debate sobre o caos nas urgências de Obstetrícia de todo o país, e instada a explicar como vai resolver o problema, Marta Temido resumiu as respostas numa frase: “Contratar todos, formar mais, aumentar as idoneidades formativas, alargar o recrutamento ao estrangeiro, pagar melhor designadamente com a proposta que apresentámos ontem [anteontem], e reconhecer que este é um problema sistémico e não com cores políticas”.
Munida de uma notícia que reporta problemas nas maternidades de França, reagiu: “Justifica o que passamos? Não. É único? Não, não é. Quem quer reconhecer os problemas fala verdade sobre eles”.
CRÍTICAS DO CHEGA, BE E IL
A criação de uma nova comissão para articular a rede de urgência de Obstetrícia, tal como foi feito durante a pandemia para a Medicina Intensiva, motivou duras críticas de André Ventura.
O anúncio do concurso para colocar médicos que já trabalham como internos no SNS como uma solução para o atual problema foi também criticado pela Iniciativa Liberal. O deputado João Cotrim Figueiredo acusou a “máquina de propaganda do PS” de querer esconder o colapso do SNS e atacou a ministra por ter chegado ao Governo como técnica independente, ser agora “uma militante assumida do partido” e eventual candidata à liderança do
mesmo, “deslumbrada pela popularidade”.
O Bloco de Esquerda, pela voz de Pedro Filipe Soares, afirmou que o mandato de Marta Temido fica como o que mais aumentou o recurso a tarefeiros no SNS. “Como aceita pagar-lhes num único turno o mesmo que um médico ganha num mês?”, questionou, considerando que a proposta apresentada aos sindicatos médicos para valorizar a remuneração nas urgências “favorece a manutenção dos tarefeiros”.
Em resposta às críticas, a ministra assegurou que há uma estratégia para os problemas estruturais, assente na Lei de Bases da Saúde e no Estatuto do SNS, cuja implementação tarda porque, justificou, pelo meio houve uma pandemia e a queda do Governo. A governante disse também que o Programa de Recuperação e Resiliência é “estratégico” pois prevê “não só um conjunto de investimentos, mas um conjunto de reformas estruturais”.
Deputado do Chega
“Não precisamos de mais comissões, estudos ou pareceres. Precisamos de ação e soluções. Seja capaz de o fazer ou ponha o lugar à disposição”
João C. Figueiredo Deputado da Iniciativa Liberal
“Competência teria sido não apresentar um plano que mais não é do que um penso rápido para tratar uma fratura exposta”
“O que vemos no SNS, com o caos em muitas urgências, é um problema estrutural. Pergunto porque é que deixou acontecer?”