Desertificação não é problema só no Sul do país
Em Portugal, afeta já mais de 50% dos solos. Foi lançada plataforma de observatório nacional
AMBIENTE A desertificação não é um problema só do Sul do país. Portugal é um dos países mais expostos a estes fenómenos, com mais de 50% dos solos já afetados. Por isso, deve mobilizar-nos a todos. O alerta é de Sandra Sarmento, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), no dia em que foi lançada a plataforma do Observatório Nacional de Desertificação.
“Este ano, temos também associada a seca. Temos de estar atentos. O Parque Natural do Douro Internacional, onde estamos, que agrega quatro municípios, é uma área afetada pela desertificação. Temos que passar a mensagem que o problema não é só no sul do país e deve mobilizar-nos a todos para a agir”, afirmou Sandra Sarmento, em Mogadouro, durante o lançamento da plataforma que divulgará dados da desertificação.
“É mais do que um repositório de informação. Queremos que seja uma plataforma muito utilizada e que permita partilhar experiências”, acrescentou. O projeto da plataforma é, a par dos planos de gestão eficiente da água e dos recursos hídricos, uma iniciativa que responde à necessidade de combater a desertificação, procurando assegurar a
neutralidade da degradação dos solos e para mitigar os efeitos da seca.
INVESTIGAÇÃO NO TERRENO
No terreno, estão já quatro projetos de investigação, financiados pelo Programa EEA Grants, que visam intervir no combate à desertificação e à seca, mobilizando 1,2 milhões de euros.
Dois deles, com uma dotação de 820 mil euros, têm incidência em Trás-os-Montes, Douro, Beiras e Serra da Estrela. O objetivo é aumentar a resiliência das flo
restas e das áreas ardidas, diminuindo as suscetibilidades aos incêndios e à desertificação através da requalificação das zonas afetadas por incêndios e erosão do solo. Os outros dois, no Algarve e no Alentejo e com um financiamento de 730 mil euros, destinam-se a aumentar a resiliência dos sistemas produtivos dos montados, centrados na proteção dos solos, melhorando os métodos e as produções sustentáveis em produções agroflorestais e pastagens extensivas”.