Cooperativa de carne mirandesa alvo de pirataria
Responsáveis receberam fatura de suposto fornecedor em tudo semelhante ao real produtor. Dinheiro foi transferido para uma conta suspeita no Algarve
CIBERCRIME A Polícia Judiciária está a investigar uma burla informática de que foi alvo a Cooperativa Agropecuária Mirandesa, sediada em Vimioso. Pensando pagar uma fatura de perto de cinco mil euros a um fornecedor de carne, foi levada a transferir o dinheiro na conta de uma empresa do Algarve, gerida por um homem de nacionalidade moldava.
Segundo o JN apurou, o esquema é conhecido por “CEO fraud”, que consistiu na adulteração do IBAN numa fatura que a Mirandesa recebeu de um fornecedor e que saldou. Só que o dinheiro não foi creditado na conta do produtor de carne, o que deu origem a uma reclamação do real fornecedor. O produtor de carne de raça mirandesa queixou-se devido ao atraso no pagamento, o que permitiu descobrir a burla.
Os responsáveis da Mirandesa confirmaram que havia sido feito uma transferência do valor solicitado para o IBAN descrito na fatura. Verificou-se depois que o número de conta não pertencia ao fornecedor.
Presume-se que tenha
“CEO fraud”
“CEO phishing” é um tipo de ciberataque que normalmente ocorre por email e visa pessoas nas empresas com poderes para fazerem pagamentos.
Crime aumenta
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) divulgado em maio revelou que em 2021 o cibercrime aumentou.
ocorrido um ataque informático a uma conta de email ou a um computador. O pirata conseguiu assim fazer-se passar pelo fornecedor e adulterar o NIB. A conta pertencia ao indivíduo com morada no Algarve.
A Mirandesa avançou com uma queixa no Ministério Público, que incumbiu a PJ de investigar. Os responsáveis da Cooperativa não prestaram informações ao JN sobre o caso, por estar em segredo de justiça.
A Cooperativa recebeu a fatura suspeita e enviou-a para a Nerba – Associação Empresarial de Bragança, no âmbito de um projeto de internacionalização de produtos locais. Por sua vez, esta entidade encaminhou a mesma fatura para a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Após a validação destas entidades, a fatura fez o percurso inverso até à Mirandesa, para que a Cooperativa saldasse o valor.