Ruas pedonais sem lei nem roque para trotinetas e bicicletas
Município diz que circulação é proibida e promete sanções, se abusos continuarem. Braga Ciclável discorda
CONFLITO “A velocidade com que as trotinetas e as bicicletas passam na rua, rente às lojas, é um perigo. Quase me levaram um cliente”. A indignação é de António Ferreira, comerciante da Rua D. Diogo de Sousa, em Braga, mas espelha o desespero de outros lojistas da zona pedonal do centro histórico da cidade. O conflito entre estes veículos e os peões é cada vez maior e o Município promete “medidas sancionatórias” se os abusos continuarem. Para a Braga Ciclável, a circulação de bicicletas “não é proibida”.
Para Olga Pereira, vereadora do espaço público, “não há dúvidas” que, na zona pedonal, os condutores de bicicletas e trotinetas não podem circular. A autarca diz que as normas estão previstas “no Código da Estrada, no código regulamentar do Município de Braga e num edital que remonta a 2018 e que reforça esta proibição”.
Nas aplicações das trotinetas partilhadas, também, estão definidas “linhas vermelhas”, onde os veículos não podem passar, “mas há uma das marcas que está com dificuldade técnica de fazer a trotineta parar nas zonas proibidas”, explica a vereadora, que já reuniu com os operadores para sensibilizá-los para o problema. Ao todo, as duas empresas que operam na cidade têm 400 trotinetas em funcionamento.
“É uma loucura”, considera Sara Gonçalves, uma das lojistas que concordam com a exclusividade das ruas para os peões. “Era importante pôr um travão nas trotinetas. Tenho medo de trazer a minha filha para a loja e que ela fuja para a rua e seja atropelada”, afirma.
ACIDENTES COM TRANSEUNTES
“Os condutores, tanto das trotinetas como das bicicletas, não respeitam ninguém. Passam aí aos ziguezagues”, reforça António Ferreira, lamentando os atropelamentos que já aconteceram, incluindo com turistas. “Já vi um acidente e o ciclista ainda reclamou com a senhora”, atesta António Gonçalves, morador da Rua D. Diogo de Sousa. “É todos os dias um caos”, acrescenta Carlos Teixeira, outro bracarense incomodado com a situação.
Recentemente, a Polícia Municipal esteve no centro histórico numa ação de sensibilização “para recordar as normas previstas”, refere Olga Pereira. “A determinada altura, vamos ter de tomar medidas mais sancionatórias, se se mantiverem abusos”, admite a vereadora, confirmando que “são várias as queixas de peões”, incluindo da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal.
O presidente da Braga Ciclável, Mário Meireles, concorda que “algumas pessoas cometem excessos ao circular na zona pedonal”, mas critica a proibição de ciclistas e fala de uma “ilegalidade”. O dirigente apela a que as ruas passem a ser qualificadas como “zonas de coexistência”.
Contudo, Olga Pereira mantém que as exceções estão apenas consagradas para as cargas e descargas dos comerciantes ou para entrada de viaturas dos moradores.