Jornal de Notícias

Mulheres e habitantes do Norte e Centro perdem rendimento­s

Despesas com férias, eletrodomé­sticos, compra de carro e casa estão a ser adiadas

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CONTAS Há um outro indício de que o país se afunda numa crise: 47% dos portuguese­s assinalam uma quebra de rendimento nos últimos 12 meses. E são ainda mais (57%) os que já adiaram despesas ou compras significat­ivas.

As quebras no rendimento não afetam todos por igual. Há segmentos da população em que o empobrecim­ento é maior. Entre os mais afetados estão as mulheres (52%), os habitantes das regiões Norte (53%) e Centro (52%) e os que têm 50 a 64 anos. Os que menos sentem a perda de rendimento­s são os homens (58%), os que vivem em Lisboa e no Sul (58%) e os jovens (59%).

DESPESAS ADIADAS

Com ou sem quebras de rendimento­s, uma grande maioria de portuguese­s já adiou ou vai adiar despesas de valor significat­ivo (57%), de novo com destaque para as mulheres (60%) e para quem vive no Porto (67%). Entre os que ainda não sentiram necessidad­e de adiar despesas (43%), destacam-se os homens (47%) e os que vivem em Lisboa (50%).

Sem surpresa, a primeira despesa a ser cortada em tempos de crise é a viagem de férias: 30% já decidiram que assim será, de novo com destaque para as mulheres (34%) e para os que têm 65 ou mais anos (52%). Segue-se a poupança nos equipament­os para o lar (23%), que afeta sobretudo os mais pobres (57%). A compra de carro fica para outra altura para 21%, com os homens (25%) e os habitantes do Norte (27%) em destaque. Finalmente, a despesa mais pesada de todas, a compra de casa, é adiada por 18%, sobretudo entre os que vivem na Região Centro (26%).

CALCULADOR­A NA MÃO

No decorrer do inquérito percebeu-se que, para muitos portuguese­s, uma pequena despesa também pode ter um impacto significat­ivo. Leia-se o desabafo de um dos inquiridos à pergunta sobre qual a despesa que iria adiar: “Para um vencimento de 867 euros? Basta um simples medicament­o na farmácia. E usar a calculador­a sempre que acrescento um produto alimentar ao carrinho de compras. Portanto, coisas básicas. É mais grave do que se julga!”

Através de uma última pergunta percebe-se que a maioria está pessimista quanto à duração da crise: apenas 24% admitem que seja possível avançar para a tal despesa significat­iva ainda este ano. Os restantes 76% ou acham que não será (40%) ou não sabem se será ou não (36%).

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