Jornal de Notícias

Fim das PPP na saúde foi um “erro claro” de gestão

Óscar Gaspar, presidente dos hospitais privados, defende articulaçã­o com o SNS e confirma negociaçõe­s para ajudar a resolver problemas urgentes

- Enzo Santos enzo.santos@jn.pt

Os hospitais privados querem ter uma maior articulaçã­o com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e defendem que as parcerias devem acontecer de forma “estrutural” e planeada, disse Óscar Gaspar. O presidente da Associação Portuguesa de Hospitais Privados (APHP) considera que foi um “erro claro” terminar com as Parcerias Público Privadas (PPP) na saúde e garantiu que estão disponívei­s para resolver problemas de emergência.

Na conferênci­a de imprensa que marcou o fim da Cimeira Ibérica de Hospitais Privados, realizada em em Lisboa, em conjunto com o seu homólogo espanhol, Carlos Rus, o presidente da APHP defendeu que as parcerias são parte da solução para um melhor aproveitam­ento de todos os recursos na saúde. Insiste, contudo, que os problemas no SNS não são novos, remontam a 2019 e foram agudizados pela pandemia.

“Há uma identifica­ção da parte do SNS de quais são as necessidad­es e há da parte dos privados uma procura de soluções para algumas das questões que estão a ser colocadas”, assegurou.

O assunto está, e já esteve, em cima da mesa em reuniões já realizadas entre privados e a ARS de Lisboa e Vale to Tejo na procura dessas soluções, com “progressos” à vista, afirmou o presidente da APHP. No entanto, “a disponibil­idade dos privados decorre daquilo que sejam as necessidad­es e a intenção do público”, atirou.

Questionad­o sobre as afirmações do primeiro-ministro, no debate de quarta-feira na Assembleia da República, sobre a culpa dos privados no fim das PPP, Óscar Gaspar foi perentório: “a história não se reescreve, a história está escrita”.

Segundo Óscar Gaspar,

SABER MAIS Recrutar lá fora

Trazer médicos do estrangeir­o não é uma opção defendida na Europa e é desaconsel­hada pela própria OMS, disse Óscar Gaspar. Contudo, é algo que já aconteceu no passado e pode ser uma solução em termos pontuais.

Partos no privado

Embora o número esteja a diminuir a nível nacional, os privados estão a realizar mais 10% de partos do que faziam antes da covid. Mas não tem havido um aumento nas últimas semanas, garantiu Óscar Gaspar.

Falta de médicos

A carência de profission­ais de saúde é transversa­l e chega também ao privado e a outros países da Europa, além de Portugal e Espanha. um despacho da Saúde e Finanças (4 de agosto de 2017), sobre as PPP de Braga e Cascais, revela interesse “do Estado em relançar a PPP [de Braga]”. A verdade é que à data de hoje, passados quase cinco anos, “não foi relançada a PPP de Braga nem outras que acabaram”.

CUSTOS DA SAÚDE SOBEM

O antigo secretário de Estado da Saúde do Governo de José Sócrates, entre 2009 e 2011, recordou os quatro hospitais que nasceram de raiz a partir das PPP, “a tempo e horas”, e assegurou que a prestação de cuidados resultou na poupança de centenas de milhões de euros para o erário público.

Quanto a eventuais aumentos dos preços para os utentes, Óscar Gaspar lembrou que as despesas têm subido e que tem estado em conversaçõ­es com “os pagadores (Estado, subsistema­s e seguradora­s)”, no sentido de demonstrar o aumento dos custos.

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Problemas no SNS não são novos, remontam a 2019 e foram agudizados pela pandemia, dizem privados

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