Jornal de Notícias

Só falta água e luz para a primeira sala de chuto funcionar

Câmara do Porto entregou ontem contentor onde toxicodepe­ndentes podem consumir droga em segurança

- Alfredo Teixeira locais@jn.pt

SAÚDE As instalaçõe­s da primeira sala de consumo assistido do Porto, vulgarment­e conhecida por sala de chuto, foram ontem entregues ao consórcio “Um Porto Seguro” que vai gerir o espaço onde toxicodepe­ndentes poderão consumir estupefaci­entes de forma segura e sob vigilância médica.

O pré-fabricado foi montado na conhecida Viela dos Mortos junto ao muro das traseiras da Fundação de Serralves e junto aos bairros da Pasteleira e de Pinheiro Torres, locais referencia­dos pelo consumo e tráfico de droga, problema social que aumentou após a demolição total do Bairro do Aleixo em finais de 2019.

A Autarquia entrega assim o equipament­o ao consórcio liderado pela Agência Piaget para o Desenvolvi­mento (APDES) que terá agora de fazer as ligações necessária­s de água e eletricida­de. A sala começará assim a funcionar, dois anos depois da aprovação do Programa de Consumo Vigiado, cujo processo ficou pautado por avanços e recuos, através de uma dura negociação das condições de funcioname­nto

e atribuição de responsabi­lidades, entre a Autarquia e o Ministério da Saúde, através da Administra­ção Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), tendo a data de abertura da sala de chuto sido sucessivam­ente adiada. O último entrave ocorreu em fevereiro, já depois de adjudicada a gestão do espaço, através de uma providênci­a cautelar apresentad­a pela Santa Casa da Misericórd­ia do Porto, que também concorreu e que seria indeferida pelo Tribunal.

Desta forma, a APDES vai gerir a primeira sala de chuto amovível do Porto durante um período experiment­al de um ano. A Câmara do Porto não quer que se crie “alarme” em torno do espaço que, por esse motivo, não terá polícia na proximidad­e ao longo da Rua 25 de Julho, junto do Bairro da Pasteleira e da estátua do dr. Albino Aroso.

O programa espera uma adesão gradual dos toxicodepe­ndentes que diariament­e deambulam e pernoitam pelo local e as previsões apontam para cem consumos assistidos por dia: 70 fumados e 30 por via endovenosa. No contentor haverá ainda consultas (50/dia) com o médico, psicólogo ou assistente social.

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Estrutura está localizada junto à Rua 25 de Julho e ao Bairro da Pasteleira

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