Só falta água e luz para a primeira sala de chuto funcionar
Câmara do Porto entregou ontem contentor onde toxicodependentes podem consumir droga em segurança
SAÚDE As instalações da primeira sala de consumo assistido do Porto, vulgarmente conhecida por sala de chuto, foram ontem entregues ao consórcio “Um Porto Seguro” que vai gerir o espaço onde toxicodependentes poderão consumir estupefacientes de forma segura e sob vigilância médica.
O pré-fabricado foi montado na conhecida Viela dos Mortos junto ao muro das traseiras da Fundação de Serralves e junto aos bairros da Pasteleira e de Pinheiro Torres, locais referenciados pelo consumo e tráfico de droga, problema social que aumentou após a demolição total do Bairro do Aleixo em finais de 2019.
A Autarquia entrega assim o equipamento ao consórcio liderado pela Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES) que terá agora de fazer as ligações necessárias de água e eletricidade. A sala começará assim a funcionar, dois anos depois da aprovação do Programa de Consumo Vigiado, cujo processo ficou pautado por avanços e recuos, através de uma dura negociação das condições de funcionamento
e atribuição de responsabilidades, entre a Autarquia e o Ministério da Saúde, através da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), tendo a data de abertura da sala de chuto sido sucessivamente adiada. O último entrave ocorreu em fevereiro, já depois de adjudicada a gestão do espaço, através de uma providência cautelar apresentada pela Santa Casa da Misericórdia do Porto, que também concorreu e que seria indeferida pelo Tribunal.
Desta forma, a APDES vai gerir a primeira sala de chuto amovível do Porto durante um período experimental de um ano. A Câmara do Porto não quer que se crie “alarme” em torno do espaço que, por esse motivo, não terá polícia na proximidade ao longo da Rua 25 de Julho, junto do Bairro da Pasteleira e da estátua do dr. Albino Aroso.
O programa espera uma adesão gradual dos toxicodependentes que diariamente deambulam e pernoitam pelo local e as previsões apontam para cem consumos assistidos por dia: 70 fumados e 30 por via endovenosa. No contentor haverá ainda consultas (50/dia) com o médico, psicólogo ou assistente social.