Quatro meses de guerra e o lento capitular do Donbass
Aos 121 dias de conflito, intensificam-se os combates no leste ucraniano. Mikolaiv, a Sul, foi atingida por três mísseis
GEOPOLÍTICA Na aritmética sombria da guerra, somam-se hoje 121 dias, quatro meses de uma invasão que veio reconfigurar o frágil equilíbrio em que assenta a geopolítica mundial e alavancar a mais trágica crise de refugiados na Europa desde a Segunda Grande Guerra. Quando mais de metade da província de Donetsk, na região do Donbass, está já sob domínío das forças russas, Moscovo dá sinais de querer dilatar a agressão até ao estertor final.
As batalhas que há semanas fustigam Severodonetsk e Lysychansk, no leste do país – bastiões da resistência ucraniana no Donbass –, estão “a entrar numa espécie de clímax terrível”, atirou ontem um assessor do presidente Volodymyr Zelensky. Oleksiy Arestovych descreveu esta fase do confronto como “aterrorizante do ponto de vista militar”.
Já Oleksiy Gromov, vice-chefe do principal departamento operacional do Estado-Maior, garante que as forças ucranianas em Severodonetsk não ficaram isoladas e ainda conseguem receber armas e retirar os feridos, apesar dos danos nas rotas de abastecimento.
O governador regional de Lugansk, Serhiy Haidai, assinalou que as tropas ucranianas deverão ter que retirar da cidade de Lysychansk, na linha da frente, para evitar o cerco, depois de as forças russas terem capturado dois assentamentos, Rai-Oleksandrivka e Loskutivka, a Sul.
Pavlo Kyrylenko, chefe das Forças Armadas de Donetsk, alega que já só 45% da região está sob o contolo das forças ucranianas, deixando grande parte do domínio de Donetsk nas mãos das forças russas.