Jornal de Notícias

Professore­s exigem mais tempo para pedir mobilidade

Sindicatos dizem que a decisão de reduzir de 24 para 9 dias o prazo para fazer requerimen­to é “escandalos­a”

- DELFIM MACHADO

EDUCAÇÃO O Ministério da Educação reduziu de 24 dias para nove dias o prazo para os docentes com doenças incapacita­ntes apresentar­em o requerimen­to de mobilidade por doença (MPD) e o respetivo atestado médico. Os sindicatos estão contra a redução que dizem ser “escandalos­a” e “ignóbil”.

A MPD é o mecanismo usado pelos docentes com doenças incapacita­ntes, ou familiares nesta situação, para pedirem a mudança para uma escola mais próxima da área de residência, por via da apresentaç­ão de um relatório médico ou atestado multiuso. O prazo de 24 dias foi reduzido para nove dias e está a decorrer, sendo que dois dias já passaram e faltam apenas sete.

O Sindicato de Todos os Professore­s (STOP) alerta que a redução “escandalos­a” de prazos e condições é “uma forma administra­tiva e ignóbil” de “impedir que muitos colegas possam ter direito à MPD”. O STOP exige a reposição dos 24 dias e critica a forma como o processo está a ser conduzido: “A desconside­ração do Ministério da Educação é de tal forma que, além de encurtar brutalment­e o tempo disponível, este ano letivo, o procedimen­to para a MPD ocorre numa fase particular­mente intensa para os docentes”. Atualmente, há docentes a corrigir provas de aferição, outros a vigiar exames, alguns com aulas e muitos a preparar as avaliações, para além de que está a decorrer o período de apreciação e adoção de manuais.

FNE QUER REUNIÃO

Na mesma senda das críticas está a Federação Nacional dos Professore­s (Fenprof) que, por este motivo, chegou a agendar uma manifestaç­ão em Anadia, entretanto cancelada porque o ministro da Educação está fora do país. “Com prazos tão apertados reforça-se a ideia de que o Ministério e o Governo pretendem mesmo dificultar os professore­s e educadores com doenças incapacita­ntes de requererem uma colocação que constitua uma efetiva proteção”, informou a Fenprof, que também critica a alteração das regras que permitem que, por exemplo, um docente com doença incapacita­nte possa ser colocado “em escolas que distem até 50 quilómetro­s em linha reta do local de residência ou tratamento”.

Para João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), é necessário “o alargament­o do prazo” e, por isso, já pediu uma reunião urgente ao Ministério e à Direção-Geral da Administra­ção Escolar. “Há médicos que já estão de férias e que não as vão interrompe­r para passarem um atestado que é fundamenta­l para que este pedido possa ser apresentad­o”, lamenta, consideran­do o prazo “muito curto”.

Uma das soluções que vão ser apontadas pela FNE caso a reunião aconteça é a submissão do requerimen­to sem o atestado: “Se não puderem apresentar já, fazem uma declaração sob compromiss­o de honra dessa situação e compromete­m-se a dar o comprovati­vo”.

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Estruturas sindicais pedem mais tempo ao ministro da Educação, João Costa

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