Loures fecha partos, sindicato denuncia “iminente rutura”
Ministério é acusado de estar a “ignorar sinais de alarme” e insistir em “remendos” que não vão assegurar o verão
URGÊNCIAS A falta de profissionais de Obstetrícia em Lisboa e Vale do Tejo está a causar uma “iminente rutura” dos cuidados de saúde maternoinfantis sem que o recurso a médicos tarefeiros impeça o fecho de urgências. O alerta é do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) no mesmo dia em que as urgências de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo estiveram fechadas desde as 14 horas de ontem, só voltando a abrir às 8 horas de hoje.
Em comunicado, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) refere que durante este período as utentes devem dirigir-se a outras unidades da região de Lisboa ou serão encaminhadas para esses serviços. Embora as restantes unidades estejam a funcionar dentro da normalidade, “poderão existir limitações em algumas unidades hospitalares”, o que significa que “alguns hospitais, num determinado período do dia, poderão ativar o desvio de ambulâncias para outras unidades da rede”.
Em comunicado, o SMZS considerou que o Ministério da Saúde “continua a ignorar os sinais de alarme” que ficaram patentes nos feriados de junho, quando vários serviços de Obstetrícia e urgências fecharam por falta de profissionais, classificando como “remendos” o recurso a médicos tarefeiros para suprir a falta de profissionais.
“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido depauperado de pessoal médico ao longo de vários anos. Como forma de colmatar as sucessivas falhas de pessoal nas equipas de urgência, são pedidas a várias empresas externas que disponibilizem pessoal médico, os chamados tarefeiros. A precariedade desta contratação temporária não exige período de férias nem atribui faltas”, lê-se na nota.
A mesma fonte argumentou que, desta forma, um serviço “que já se encontra depauperado” fica “ainda mais reduzido nos períodos de férias”, quando “os médicos contratados vão de férias alternadamente” e os “tarefeiros estão indisponíveis” para suprir as escalas incompletas. “A maioria dos serviços, já dependente dos tarefeiros para assegurar escalas, vê-se assim na iminência de fechar portas no verão”, lamentou a estrutura sindical, alertando que “a qualidade da prestação de cuidados à saúde da mulher e da grávida está em risco”.