Braço de ferro entre pilotos e TAP pode acabar em greve
Companhia travou plenário de trabalhadores. Ministro chamou sindicatos, mas avisa que cortes são para manter
AVIAÇÃO Numa altura em que milhares de turistas nacionais e estrangeiros fazem as malas para entrar ou sair de Portugal, soma-se o caos nos aeroportos nacionais e a iminência de greves que ameaçam deixar os aviões e os passageiros em terra. A possibilidade de existir em breve uma paralisação na TAP continua a ganhar força. O braço de ferro entre os pilotos e a companhia aérea continua sem fim à vista.
A relação entre as duas partes ficou fragilizada depois de a empresa ter avançado com alterações aos Acordos Temporários de Emergência [ATE], sem o aval do sindicato. A ajudar a incendiar os ânimos esteve ainda a recusa da TAP ao pedido dos pilotos para a realização de um plenário nas instalações da transportadora, que justificou a decisão aos trabalhadores com o “risco de não serem assegurados serviços essenciais e urgentes pelos pilotos, se a reunião tivesse lugar”.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, tentou meter água na fervura e convocou o Sindicato dos Pilotos e da Aviação (SPAC) para uma reunião de urgência na quinta-feira. Sabe-se que o tema de conversa foi a recusa da TAP ao plenário sugerido pelos pilotos , mas pouco mais.
O alívio dos cortes salariais também deve ter sido outro dos tópicos da agenda. Ontem, em Lagos, o ministro das Infraestruturas e da Habitação avisou sobre a necessidade de se respeitar o plano de reestruturação da TAP, não estando a empresa em situação de reverter os cortes salariais aprovados.
Em comunicado, o SPAC informou que “aguarda, tão cedo quanto possível, o desfecho deste processo, no sentido de um acordo que defenda todos os interesses em presença: TAP, pilotos, contribuintes portugueses e os seus passageiros”. Ontem a plataforma composta por dez sindicatos afetos à TAP, que inclui pilotos, tripulantes e manutenção, voltou a reunir-se.
NEGOCIAÇÕES Cortes salariais
Devido ao plano de reestruturação da TAP, os trabalhadores foram alvo de reduções salariais: um corte transversal de 25% para remunerações acima dos 1330 euros – agora revisto para 1410 euros –, sendo que os pilotos foram alvo de um corte adicional, perdendo 45% do seu vencimento – agora reduzido em 10%.
Recuperação
A operação de verão da TAP está já a 90% dos níveis de 2019. Motivo que esteve na origem dos pedidos dos vários trabalhadores à reposição salarial.
Greve
A TAP diz não estar em condições de reverter os cortes e espera-se uma resposta dos trabalhadores. Greve está em cima da mesa.