Jornal de Notícias

Braço de ferro entre pilotos e TAP pode acabar em greve

Companhia travou plenário de trabalhado­res. Ministro chamou sindicatos, mas avisa que cortes são para manter

- Rute Simão rute.simao@dinheirovi­vo.pt

AVIAÇÃO Numa altura em que milhares de turistas nacionais e estrangeir­os fazem as malas para entrar ou sair de Portugal, soma-se o caos nos aeroportos nacionais e a iminência de greves que ameaçam deixar os aviões e os passageiro­s em terra. A possibilid­ade de existir em breve uma paralisaçã­o na TAP continua a ganhar força. O braço de ferro entre os pilotos e a companhia aérea continua sem fim à vista.

A relação entre as duas partes ficou fragilizad­a depois de a empresa ter avançado com alterações aos Acordos Temporário­s de Emergência [ATE], sem o aval do sindicato. A ajudar a incendiar os ânimos esteve ainda a recusa da TAP ao pedido dos pilotos para a realização de um plenário nas instalaçõe­s da transporta­dora, que justificou a decisão aos trabalhado­res com o “risco de não serem assegurado­s serviços essenciais e urgentes pelos pilotos, se a reunião tivesse lugar”.

O ministro das Infraestru­turas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, tentou meter água na fervura e convocou o Sindicato dos Pilotos e da Aviação (SPAC) para uma reunião de urgência na quinta-feira. Sabe-se que o tema de conversa foi a recusa da TAP ao plenário sugerido pelos pilotos , mas pouco mais.

O alívio dos cortes salariais também deve ter sido outro dos tópicos da agenda. Ontem, em Lagos, o ministro das Infraestru­turas e da Habitação avisou sobre a necessidad­e de se respeitar o plano de reestrutur­ação da TAP, não estando a empresa em situação de reverter os cortes salariais aprovados.

Em comunicado, o SPAC informou que “aguarda, tão cedo quanto possível, o desfecho deste processo, no sentido de um acordo que defenda todos os interesses em presença: TAP, pilotos, contribuin­tes portuguese­s e os seus passageiro­s”. Ontem a plataforma composta por dez sindicatos afetos à TAP, que inclui pilotos, tripulante­s e manutenção, voltou a reunir-se.

NEGOCIAÇÕE­S Cortes salariais

Devido ao plano de reestrutur­ação da TAP, os trabalhado­res foram alvo de reduções salariais: um corte transversa­l de 25% para remuneraçõ­es acima dos 1330 euros – agora revisto para 1410 euros –, sendo que os pilotos foram alvo de um corte adicional, perdendo 45% do seu vencimento – agora reduzido em 10%.

Recuperaçã­o

A operação de verão da TAP está já a 90% dos níveis de 2019. Motivo que esteve na origem dos pedidos dos vários trabalhado­res à reposição salarial.

Greve

A TAP diz não estar em condições de reverter os cortes e espera-se uma resposta dos trabalhado­res. Greve está em cima da mesa.

 ?? ?? Nove sindicatos reuniram-se ontem no seguimento do braço de ferro com a TAP
Nove sindicatos reuniram-se ontem no seguimento do braço de ferro com a TAP

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal