Jornal de Notícias

Avenida apinhada de gente em busca da alegria há dois anos perdida

S. João é dos santos mais populares e celebra-se em várias cidades do país com marchas, bailaricos e comes e bebes

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Sandra Freitas, Ana Trocado Marques, Mónica Ferreira

locais@jn.pt

TRADIÇÃO Após dois anos presos entre casa e o trabalho, a primeira festa de S. João pós-covid, sem restrições, encheu as cidades que celebram o padroeiro com milhares de pessoas. Rusgas, marchas, bailaricos, comes e bebes, fogo de artifício e muita alegria. E toda a noite com toda a gente sem máscara a cobrir-lhe o sorriso.

O dia começou com o céu escuro, mas a noite mais longa do ano acabou com o astro-rei a brilhar.

BRAGA Avenida à pinha

Balões para as crianças, martelos para os adultos e barriga cheia para todos. A família Fortuna chegou cedo à noitada do S. João de Braga, anteontem, para aproveitar tudo a que têm direito. Comeram bifanas, cachorros e chouriço, levaram os mais novos aos carrosséis e, já depois das 22.30 horas, esperavam a passagem da rusga para ainda subir a Avenida da Liberdade, apinhada de gente.

“Dois anos sem festa, as pessoas estavam famintas”, afirmou Cármen Moreira, do restaurant­e Tomarense, que não teve mãos a medir para tantos pedidos de bifanas e outros petiscos. Nas farturas da Maria João, também não houve falta de clientes. “Está muita gente na festa. Está a correr bem”, assegurara­m os funcionári­os servindo os foliões.

À romaria, que teve como ponto alto o fogo de artifício, acorreram os bracarense­s, mas também visitantes dos concelhos vizinhos, como

Rita e Vítor, de Guimarães, que quiseram mostrar a tradição ao pequeno Diego, de 16 meses. “Esperamos pela rusga e ainda vamos aos carrosséis a seguir”, adiantou a mãe.

Na rua, pouca gente de máscara, mas ainda houve exceções, como Arina, que esteve infetada com covid-19 recentemen­te. “É por prevenção”, referiu, ao lado do namorado, Hélder. Estavam ambos “com saudades” do S. João e, por isso, já era o segundo dia que se passeavam pelas ruas engalanada­s. “Ontem [quarta-feira] andámos pela zona dos carrinhos de choque e já havia filas”, revelou Arina.

“Já tínhamos programado isto há 15 dias”, contou Miguel Gonçalves, da família Fortuna, de Barcelos, adeptos das romarias da região.

VILA DO CONDE Paulo Praça ... pela praça

“É lindo, lindo, lindo! Venho todos os anos ver”, atira Celeste Pereira, que, junto aos jardins da Avenida Júlio Graça, esperava a saída das marchas luminosas dos ranchos do Monte e da Praça. A noite de S. João era ainda uma criança e a família de Famalicão prometia não perder pitada:

o cortejo, uma ida aos carrosséis, “que a criançada não perdoa”, churros e farturas, o fogo de artifício junto ao rio e um passeio pelas ruazinhas da Zona Histórica. No regresso das festas do padroeiro, Vila do Conde encheu-se como há muito não se via.

Da Praça Velha à Zona Histórica, havia mesas com sardinhas à porta e bailaricos em cada esquina. Na zona ribeirinha, restaurant­es e bares não tinham mãos a medir. Aqui e ali, um balão de S. João animava os céus. A eterna rivalidade entre os dois ranchos da terra faz do S. João, por ali, uma festa singular. Celeste prefere-o à “confusão do Porto”: “É mais festa de rua, mais tradiciona­l, mais popular, diferente”, justifica, voltando a centrar atenções nas marchas, onde cerca de 500 desfilam entre carros alegóricos com réplicas de monumentos da terra.

Este ano, no cortejo, seguia um componente especial: o músico Paulo Praça desfilou no rancho homónimo e houve mesmo quem não resistisse a “invadir” a avenida para uma foto. O vila-condense, que em 2020 compôs, para a Praça, a marcha do centenário, sorria, orgulhoso das raízes.

Terminadas as marchas, a

festa seguiu com os ranchos nos respetivos palcos e, à 1.30 horas, o fogo de artifício no estuário do Ave encheu de gente a zona ribeirinha. Meia hora depois, foi Toy quem subiu ao palco para animar a noite que, para muitos, só terminou ao nascer do sol.

VALONGO “Como esta não há nenhuma”

Mais de 30 mil pessoas assistiram ontem, em Sobrado, Valongo, à luta entre Bugios (cristãos) e Mourisquei­ros (mouros) pela posse da imagem milagrosa de S. João Baptista. A maior festa com máscaras da Europa – as Bugiadas e Mouriscada­s, integradas nas Festas de São João de Sobrado – regressou e superou todas as expectativ­as da organizaçã­o.

“Este é o nosso São João que só acontece a 24 de junho em Sobrado”, referiu ao JN Pedro Vale, membro da Comissão de Festas, não escondendo “a vaidade” por ter acolhido milhares de pessoas de todo o país. “E este ano, a sede era muita. Além daqueles que habitualme­nte vêm, tivemos aqueles que viriam nos últimos dois anos pela primeira vez e que não puderam por causa da pandemia”, explicou.

 ?? ?? Impression­ante enchente da Avenida da República, em Braga, a celebrar o seu santo mais venerado
Impression­ante enchente da Avenida da República, em Braga, a celebrar o seu santo mais venerado
 ?? ?? Procissão de São João Baptista em Valomgo
Procissão de São João Baptista em Valomgo
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Marchas coloridas de Vila do Conde

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