Jornal de Notícias

Mirtilos diretament­e da terra para a boca

Feira Nacional decorre em Sever do Vouga até amanhã e permite comprar o fruto a preços mais competitiv­os do que os praticados pelas grandes superfície­s comerciais

- Salomé Filipe locais@jn.pt Produtor

ECONOMIA É usado em compota, biscoitos, licor e outros produtos. Mas é na sua forma mais pura, consumido fresco, que o mirtilo é rei em Sever do Vouga. Na Feira do Mirtilo, que decorre até amanhã, no centro da vila, é possível comprar a pequena baga roxa a preços competitiv­os – sete euros o quilograma –, quando comparados com os que se praticam nas grandes superfície­s comerciais. Com uma mais-valia: é apanhado na véspera ao dia em que é vendido.

Os produtores garantem que, este ano, a qualidade do mirtilo “é muito boa”. O granizo, um dos principais inimigos, fez poucos estragos. Além disso, houve poucas pragas e doenças. Por isso, os produtores estão expectante­s numa boa época para o fruto, que se apanha preferenci­almente entre os meses de maio e setembro. “Poderá ser um bom ano, mas só daqui a 15 dias é que consigo dizer se foi ou não. Tivemos um acréscimo dos preços de tudo”, salvaguard­a, no entanto, José Sousa, presidente da direção da Sociedade de Produtores Horto-Frutícolas – Mirtilusa, que representa “quase 200 produtores”.

“Se conseguirm­os uma receita muito semelhante à do ano passado, como as despesas aumentaram, vai originar que o produtor receba menos valor por quilo de fruto”, exemplific­a José Sousa.

FRANÇA APRECIADOR­A

Ao contrário do que acontece nas grandes superfície­s, em que os mirtilos são vendidos a 12 ou 13 euros o quilograma, na feira, este ano, são comerciali­zados a sete. “Não mexemos no preço porque ainda tínhamos reservas de consumívei­s do ano passado e sentimos também que o poder de compra das pessoas está diminuído. Optámos por fazer um esforço. E quem vier compra fruto completame­nte fresco, que foi apanhado ontem para ser vendido hoje”, convida Jorge Silva, produtor há 26 anos.

Publicitar o fruto – cuja produção, em Sever do Vouga, foi pioneira a nível nacional – é o objetivo dos produtores presentes. Muitos não retiram dali recompensa­s financeira­s significat­ivas. “No nosso caso, estamos aqui a cumprir uma missão. Até porque 98% da nossa produção é para exportar”, ressalva Paulo Lúcio, presidente da Bagas de Portugal - Cooperativ­a de Pequenos Frutos, que representa “à volta de cem produtores, de Faro a Bragança, mas maioritari­amente de Sever do Vouga”. Alemanha, Holanda, Dinamarca e França são os principais destinos do fruto de propriedad­es antioxidan­tes, com destaque para o mercado francês.

Produtor

“Os mirtilos que aqui vendemos foram apanhados ontem para ser vendidos hoje”

“Há meia dúzia de anos, era um fruto desconheci­do. Agora, as pessoas já o procuram”

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 ?? ?? Venda do fruto tem boas condições para ser um êxito este ano, segundo José Sousa [na foto], mas ainda é cedo para certezas
Venda do fruto tem boas condições para ser um êxito este ano, segundo José Sousa [na foto], mas ainda é cedo para certezas
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Flávio Remoaldo
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Jorge Silva

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