Severodonetsk cai nas mãos dos russos
Depois de várias semanas de luta, Exército ucraniano vê-se obrigado a abandonar a cidade do Leste da Ucrânia. Mykolaiv teme novos ataques
GUERRA Ao 121.o dia de guerra, e depois de várias semanas de batalhas intensas, o Exército ucraniano foi forçado a abandonar a cidade de Severodonetsk, localizada em Lugansk, na região do Donbass. “Infelizmente, teremos de remover os nossos militares, porque ficar em posições despedaçadas não faz sentido. O número de mortos está a crescer”, lamentou o governador regional Sergey Haidai, numa altura em que a cidade já está nas mãos dos russos.
Passo a passo, as tropas invasoras foram conquistando localidades importantes no Leste da Ucrânia, o que lhes permitiu ganhar fôlego para alcançar a desejada Severodonestk que, segundo o governador regional, se encontra com 90% das habitações totalmente destruídas. Em Lysychansk, uma das principais cidades de Lugansk, as forças do Kremlin também intensificaram os ataques, conquistando três localidades nas proximidades que são fulcrais para vitórias futuras no Donbass, onde o Kremlin diz ter cercado mais de dois mil soldados de Kiev.
Em Mykolaiv, no Sul da Ucrânia, o medo de novos ataques atormenta a população e o autarca da cidade, Oleksandr Sienkevych, alertou: “Toda a gente que queira permanecer viva deve sair da região”.
Numa altura em que a Ucrânia está a perder terreno no campo de batalha, o apoio ocidental tem vindo a crescer. Depois do envio de várias remessas de armas, o país invadido recebeu o mais forte sinal de apoio até agora demonstrado com a aprovação, por parte dos estados-membros da União
Europeia (UE), do estatuto de candidato.
O momento descrito como “histórico” por Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, foi festejado em território ucraniano, sendo visto como “simbólico”, já que as autoridades do país estão conscientes do caminho a percorrer.
DUAS VISÕES DIFERENTES
Os avanços diplomáticos, alcançados no primeiro dia do Conselho Europeu, foram analisados pelos russos de duas formas diferentes. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse ser importante para Moscovo que os processos em curso “não tragam mais problemas” nas relações com os países em causa, reiterando que a decisão da adesão da Ucrânia à UE “é um assunto interno da Europa”.
Já Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, observou o progresso político como um ataque. “A UE e a NATO estão a criar uma nova coligação para esta luta”, referiu, acrescentando que a situação lhe faz lembrar “quando Hitler reuniu uma parte significativa dos países europeus para lutarem contra a URSS”.
Com a tensão entre o Ocidente e a Rússia a aumentar, um dos maiores objetivos dos estados é travar uma crise alimentar global. Depois de já terem sido feitos vários apelos neste sentido, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, e o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, reforçaram as preocupações, pedindo à Rússia que permita a circulação de trigo preso nos portos ucranianos, acusando o país liderado por Putin de espalhar informações falsas sobre o tema.