Jornal de Notícias

Severodone­tsk cai nas mãos dos russos

Depois de várias semanas de luta, Exército ucraniano vê-se obrigado a abandonar a cidade do Leste da Ucrânia. Mykolaiv teme novos ataques

- Ana Isabel Moura ana.moura@jn.pt

GUERRA Ao 121.o dia de guerra, e depois de várias semanas de batalhas intensas, o Exército ucraniano foi forçado a abandonar a cidade de Severodone­tsk, localizada em Lugansk, na região do Donbass. “Infelizmen­te, teremos de remover os nossos militares, porque ficar em posições despedaçad­as não faz sentido. O número de mortos está a crescer”, lamentou o governador regional Sergey Haidai, numa altura em que a cidade já está nas mãos dos russos.

Passo a passo, as tropas invasoras foram conquistan­do localidade­s importante­s no Leste da Ucrânia, o que lhes permitiu ganhar fôlego para alcançar a desejada Severodone­stk que, segundo o governador regional, se encontra com 90% das habitações totalmente destruídas. Em Lysychansk, uma das principais cidades de Lugansk, as forças do Kremlin também intensific­aram os ataques, conquistan­do três localidade­s nas proximidad­es que são fulcrais para vitórias futuras no Donbass, onde o Kremlin diz ter cercado mais de dois mil soldados de Kiev.

Em Mykolaiv, no Sul da Ucrânia, o medo de novos ataques atormenta a população e o autarca da cidade, Oleksandr Sienkevych, alertou: “Toda a gente que queira permanecer viva deve sair da região”.

Numa altura em que a Ucrânia está a perder terreno no campo de batalha, o apoio ocidental tem vindo a crescer. Depois do envio de várias remessas de armas, o país invadido recebeu o mais forte sinal de apoio até agora demonstrad­o com a aprovação, por parte dos estados-membros da União

Europeia (UE), do estatuto de candidato.

O momento descrito como “histórico” por Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, foi festejado em território ucraniano, sendo visto como “simbólico”, já que as autoridade­s do país estão consciente­s do caminho a percorrer.

DUAS VISÕES DIFERENTES

Os avanços diplomátic­os, alcançados no primeiro dia do Conselho Europeu, foram analisados pelos russos de duas formas diferentes. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse ser importante para Moscovo que os processos em curso “não tragam mais problemas” nas relações com os países em causa, reiterando que a decisão da adesão da Ucrânia à UE “é um assunto interno da Europa”.

Já Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeir­os russo, observou o progresso político como um ataque. “A UE e a NATO estão a criar uma nova coligação para esta luta”, referiu, acrescenta­ndo que a situação lhe faz lembrar “quando Hitler reuniu uma parte significat­iva dos países europeus para lutarem contra a URSS”.

Com a tensão entre o Ocidente e a Rússia a aumentar, um dos maiores objetivos dos estados é travar uma crise alimentar global. Depois de já terem sido feitos vários apelos neste sentido, a ministra dos Negócios Estrangeir­os da Alemanha, Annalena Baerbock, e o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, reforçaram as preocupaçõ­es, pedindo à Rússia que permita a circulação de trigo preso nos portos ucranianos, acusando o país liderado por Putin de espalhar informaçõe­s falsas sobre o tema.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal