Magistrados e deputados com maiores subidas, médicos ganham menos
Clínicos e cientistas foram os únicos profissionais com redução salarial
BALANÇO A evolução do ganho médio mensal das profissões do setor público foi muito díspar ao longo dos últimos dez anos. Os magistrados e os representantes do poder legislativo foram os que mais viram o ganho aumentar. Já os investigadores e os médicos foram os que mais perderam.
O balanço da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) mostra que, entre o mês de janeiro de 2012 e o mesmo mês de 2022, os magistrados viram o ganho médio mensal subir de 4766,90 para 6233,30 euros, num aumento de 31% – o maior de todo o setor público. Os representantes do poder legislativo, onde se incluem os deputados, surgem em segundo lugar, com uma subida de 23,7%.
MÉDICOS PERDERAM 1,85%
Quase todas as carreiras do setor público viram aumentar o ganho médio mensal na última década. As duas exceções são os médicos e os profissionais da investigação científica. No caso dos médicos, a média passou de 3691,20 euros para 3622,80 euros, o que dá menos 68,39 euros (1,85%) de ganho médio mensal ilíquido, onde já se incluem os prémios, subsídios e horas extraordinárias.
O assunto está na ordem do dia com a carência de profissionais de Obstetrícia. A ministra da Saúde, Marta Temido, só admite negociar aumentos com os médicos dos serviços de urgência. Contudo, o ex-diretor-geral da Saúde Francisco George avisou em janeiro para o problema: “Não podemos fixar médicos no público sem condições de trabalho e com remunerações baixas”.
Os profissionais que mais perderam salário nos últimos dez anos foram os da investigação científica. Passaram de 3172,70 para 2749,40 euros, numa perda de 423,27 euros (13,34%). Bárbara Carvalho, presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, explica que o fenómeno pode ser justificado com “o decreto-lei 57, em 2017, que o que fez foi transformar as bolsas de pós-doutoramento em contratos de trabalho até seis anos”. A nova política levou a que muitos bolseiros fossem integrados na carreira, com salários mais baixos do que os poucos que já lá estavam, deflacionando a média.