Jornal de Notícias

Substituiç­ão de cabos submarinos falha prazo recomendad­o

Novas ligações às ilhas só devem estar operaciona­is no final de 2025. Risco de “apagão” aumenta. Custos também

- José Varela Rodrigues jose.rodrigues@dinheirovi­vo.pt

COMUNICAÇÕ­ES A substituiç­ão dos cabos submarinos que asseguram as comunicaçõ­es entre Portugal continenta­l, Açores e Madeira está atrasada e, muito provavelme­nte, as novas ligações não estarão prontas até ao final de 2023. Essa era a recomendaç­ão ao Governo do grupo interminis­terial presidido pela Autoridade Nacional de Comunicaçõ­es (Anacom), em 2019. Além do atraso, os 119 milhões de euros orçados para este dossiê deverão ser revistos em alta, devido à inflação.

No início do ano, o Governo anunciou que estavam reunidas as condições para iniciar a substituiç­ão dos cabos mas, ao fim de seis meses, pouco se fez. Ao JN/DV, fonte do Ministério das Infraestru­turas explica que o processo está em curso, mas que falta concluir a aprovação de documentaç­ão sobre a “alteração dos estatutos da Infraestru­turas de Portugal [IP, incumbente do dossier]”, para esta avançar com “as suas atribuiçõe­s relativas à conceção, projeto, construção, exploração, operação e manutenção, em regime de concessão” dos novos cabos. Também falta autorizar a IP a “lançar procedimen­tos pré-contratuai­s e contratuai­s necessário­s à implementa­ção do sistema de cabos submarinos”.

Em causa está o sistema de cabos submarinos formado por três ligações em triângulo e designado de anel CAM. O sistema atual está em operação desde 1998, sendo tecnicamen­te estimado um tempo de vida útil máximo de 25 anos.

RISCO DE APAGÃO?

Para a Anacom, o Governo já não vai a tempo de conseguir trocar os cabos dentro do prazo sugerido, nem dentro do período apontado pelo Executivo nas Grandes Opções 2021-2025 que era até ao final de 2024. Fonte oficial do regulador diz que “o tempo que medeia entre a assinatura do contrato com um fornecedor e a entrada em operação de um novo sistema é normalment­e superior a três anos”.

No Orçamento do Estado para 2022, o Governo identifica uma rubrica sobre o novo anel CAM. Mas, segundo a Anacom, mesmo que a IP lance um concurso e feche um contrato com um fornecedor em 2022, “pelas condições atualmente praticadas”, o novo sistema CAM “só deverá estar operaciona­l no final de 2025”. Ora, nessa altura, já o tempo de vida útil estimado dos atuais cabos terá vencido há dois anos e o contrato com o atual fornecedor do anel CAM (a Altice Portugal) terá terminado há um ano, segundo a Anacom.

Fonte oficial da Altice Portugal dá a mesma indicação, garantindo que a empresa informou o Governo e a Anacom que só se mantém a assegurar as ligações dos atuais cabos – de que é proprietár­ia (herança da antiga PT) – “até, pelo menos, ao final de 2024”.

Haverá um risco real de ocorrer um apagão de comunicaçõ­es? O Governo diz que não, pois o fim de vida útil estimado não significa “o fim abrupto da atividade dos cabos submarinos em causa”. A Anacom diz o mesmo, mas realça que o risco de constrangi­mentos sobe.

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Cabos asseguram comunicaçõ­es entre continente, Açores e Madeira desde 1998

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