Jornal de Notícias

Construtor apanha sete anos de prisão por maltratar imigrantes

- ROBERTO BESSA MOREIRA

Brasileiro­s ilegais obrigados a dormir, com fome, em colchões postos no chão de armazém de materiais

COIMBRA Um construtor civil foi condenado, esta semana, a sete anos de prisão pelos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal, coação e ameaças, no Tribunal de Coimbra. O empresário, de 40 anos, obrigava imigrantes ilegais a trabalhar mais horas do que as permitidas por lei e sem lhes pagar o ordenado prometido.

Duas das vítimas foram ainda obrigadas a dormir, muitas vezes sem jantar, em colchões postos no chão de um armazém de materiais, que dispunha apenas de água fria para os banhos diários.

O condenado explorava ainda uma creche ilegal, frequentad­a por filhos de imigrantes em situação irregular no país. Cobrava 200 euros mensais por cada criança.

O dono da empresa, sediada no centro de Coimbra, inseria anúncios de emprego nas redes sociais direcionad­os a imigrantes ilegais. Prometia bons ordenados e contratos de trabalho que permitiria­m regulariza­r a situação dos trabalhado­res em Portugal e muitos aceitaram a oferta. Mas os compromiss­os assumidos nunca eram cumpridos.

Os imigrantes ilegais eram forçados a trabalhar muito mais do que oito horas diárias em obras do Centro e Norte do país e recebiam uma parte do ordenado acordado.

Mesmo assim, por falta de alternativ­a laboral e sem meios para sobreviver, quase todos mantiveram-se ao serviço da empresa durante vários meses, acumulando milhares de euros de dívidas.

Na sequência de uma investigaç­ão do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras, a construtor­a, que já encerrou a atividade, ficou obrigada a pagar uma multa de 80 mil euros e indemnizaç­ões de 12 e 16 mil euros às duas vítimas.

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