Construtor apanha sete anos de prisão por maltratar imigrantes
Brasileiros ilegais obrigados a dormir, com fome, em colchões postos no chão de armazém de materiais
COIMBRA Um construtor civil foi condenado, esta semana, a sete anos de prisão pelos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal, coação e ameaças, no Tribunal de Coimbra. O empresário, de 40 anos, obrigava imigrantes ilegais a trabalhar mais horas do que as permitidas por lei e sem lhes pagar o ordenado prometido.
Duas das vítimas foram ainda obrigadas a dormir, muitas vezes sem jantar, em colchões postos no chão de um armazém de materiais, que dispunha apenas de água fria para os banhos diários.
O condenado explorava ainda uma creche ilegal, frequentada por filhos de imigrantes em situação irregular no país. Cobrava 200 euros mensais por cada criança.
O dono da empresa, sediada no centro de Coimbra, inseria anúncios de emprego nas redes sociais direcionados a imigrantes ilegais. Prometia bons ordenados e contratos de trabalho que permitiriam regularizar a situação dos trabalhadores em Portugal e muitos aceitaram a oferta. Mas os compromissos assumidos nunca eram cumpridos.
Os imigrantes ilegais eram forçados a trabalhar muito mais do que oito horas diárias em obras do Centro e Norte do país e recebiam uma parte do ordenado acordado.
Mesmo assim, por falta de alternativa laboral e sem meios para sobreviver, quase todos mantiveram-se ao serviço da empresa durante vários meses, acumulando milhares de euros de dívidas.
Na sequência de uma investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a construtora, que já encerrou a atividade, ficou obrigada a pagar uma multa de 80 mil euros e indemnizações de 12 e 16 mil euros às duas vítimas.