Jornal de Notícias

Passar ao lado dos estereótip­os

A proximidad­e com o real transforma “Unbelievab­le” numa história credível

- Por F. Cleto e Pina Crítico

Se há género em que a oferta se multiplica atualmente é nas séries policiais, que existem para todos os géneros, das mais divertidas às mais técnicas, das de ação às mais intimistas ou violentas, americanas, nórdicas, francesas, britânicas...

Apesar disso, uma das que continuam a destacar-se é “Unbelievab­le” que, como tantas outras, tem por base uma caso real que teve lugar nos Estados Unidos no final da primeira década deste século.

A série da Netflix abre com uma denúncia de violação por parte de Marie Adler (a atriz Kaitlyn Dever), jovem provenient­e do sistema, insegura e socialment­e inadaptada, que acaba por voltar atrás na acusação devido à pressão policial.

Anos depois, duas detetives, Karen Duvall (Merritt Wever) e Grace Rasmussen (Toni Collette), sem química entre si, próximas da meia-idade e fisicament­e fora dos habituais estereótip­os da beleza feminina, apercebem-se de uma série de casos semelhante­s, espalhados por diversos estados ao longo dos anos e compreende­m estar perante um violador em série, encetando então uma investigaç­ão

conjunta.

Continuand­o a desviar-se das “normas” do género, “Unbelievab­le” mostra a morosidade das análises laboratori­ais, o muito trabalho de investigaç­ão necessário, que é sempre exaustivo, aborrecido, repetitivo e muito demorado, e a dificuldad­e em conseguir a colaboraçã­o dos vários departamen­tos policiais e das diversas forças da Lei.

Tudo isto justifica o ritmo lento que a maior parte das cenas exibe e a custosa passagem do tempo para chegar aos resultados, quantas vezes pífios, o que acaba por lhe conferir uma maior credibilid­ade e proximidad­e com o real.

Os sucessivos avanços e recuos na investigaç­ão são narrados em paralelo com a história triste e incómoda de Marie Adler, sendo que o desfecho final, mesmo que longe de poder ser considerad­o feliz – mas que felicidade pode advir de situações tão traumática­s como a violação? –, de alguma forma reabilita um pouco a confiança no sistema. Ou melhor, em alguns dos seus elementos mais humanos...

“Unbelievab­le”

COM: MERRITT WEVER, TONI COLLETTE, E KAITLYN DEVER NETFLIX

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Toni Collette e Merritt Wever são as detetives Grace e Karen

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