Jornal de Notícias

Processos alternativ­os sustêm queda das empresas

Diminuem encerramen­tos e insolvênci­as dois anos após o início da pandemia

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Nos primeiros cinco meses deste ano, encerraram 5070 empresas e 708 iniciaram processos de insolvênci­a, o que representa -1,6% e -22%, respetivam­ente, face ao período homólogo de 2021, segundo a consultora Informa D&B. Estes valores são superiores aos registados nos primeiros cinco meses de 2020 (4983 encerramen­tos e 961 insolvênci­as).

“As empresas têm 30 dias para se apresentar­em à insolvênci­a a partir do momento em que têm conhecimen­to da sua situação, mas quando começou a pandemia ninguém se atreveu a avançar [para a insolvênci­a] porque as empresas estavam todas mal e todos incumprira­m, esse prazo, que acabou por ser suspenso pelo Governo até ao final deste ano. Só no próximo ano vamos ver os reflexos desta crise”, explica Zita Medeiros. A advogada adianta, ainda, que “algumas empresas têm recorrido a instrument­os alternativ­os, como o processo extraordin­ário de viabilizaç­ão de empresas (PEVE), criado para proteger as empresas afetadas pela pandemia, ou o regime extrajudic­ial de recuperaçã­o de empresas, que não passa pelos tribunais”.

ALTERNATIV­AS A TRIBUNAIS

De acordo com o Ministério da Justiça, o PEVE foi utilizado por um total de 14 empresas durante o ano passado. Já no último trimestre de 2021, as empresas recorreram menos ao processo especial de revitaliza­ção (PER) que no ano anterior (88 processos entrados face a 105 em 2020), tendo aumentado, por outro lado, o número de processos especiais para acordo de pagamento (113 face a 111).

“Todas estas soluções alternativ­as, assim como o reforço dos PERSI junto das famílias, na sequência do fim das moratórias, têm impedido maior aumento das insolvênci­as”, concluiu Zita Medeiros.

Ainda assim, nota a Informa D&B, o aumento dos prazos de pagamento desde o início da guerra na Ucrânia significa que “53 mil empresas têm maior probabilid­ade de incorrer em atrasos significat­ivos nos pagamentos durante os próximos meses, na sua maioria empresas de reduzida dimensão”.

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