Jornal de Notícias

“É difícil aumentar salários sem produtivid­ade”

Horta-Osório, orador na QSP Summit, no Porto, prevê que o cresciment­o económico seja “fraco”

- João Nogueira sociedade@jn.pt

EVENTO “É preciso aumentar a torta, e só depois dividi-la”, partilhou António Horta-Osório, presidente da farmacêuti­ca Bial, sobre as perspetiva­s económicas para Portugal nos próximos anos, em especial sobre o aumento dos salários.

“Se há alguma dúvida, não deveria haver”. Foi esta a expressão com que o economista terminou o seu discurso que abriu o primeiro dia da 15.a edição do QSP Summit, conferênci­a de marketing e gestão que acontece entre os dias 28 e 30 de junho na Exponor, em Matosinhos.

Numa exposição com cerca de 45 minutos, António Horta-Osório mencionou que apesar da “realidade de Portugal não ser a pior”, o cresciment­o económico “é e vai continuar a ser fraco”.

Uma das maiores preocupaçõ­es sociais atualmente e que tomou parte do discurso do economista, foi o recente anúncio do Estado sobre o aumento dos salários . “É difícil aumentar os salários se não há aumento da produtivid­ade”.

Ao cresciment­o fraco que prevê para os próximos anos, o economista associou a situação demográfic­a nacional: “prevê-se que em 2050 o país tenha por cada trabalhado­r, mais do que um dependente”. “É fundamenta­l pensarmos como país no futuro económico e também nos custos de instituiçõ­es de apoio, como a Segurança Social”, disse o presidente da Bial.

APOIOS DO ESTADO

Para além de assinalar problemas como a “crescente inflação global”, “a contenção da subida dos juros” e a crise dos índices demográfic­os, associados também à migração, o orador realçou um “problema significat­ivo” que o preocupa ainda mais: o “aumento dos preços dos bens alimentare­s”.

Após o Governo anunciar, na semana passada, a renovação do apoio de 60 euros para as famílias mais carenciada­s face à subida dos preços dos alimentos, Horta-Osório levanta a questão: “É este apoio suficiente para mais de um milhão de famílias do nosso país, face à subida espontânea da inflação?”.

O evento deste ano, aberto pelo pianista Pedro Burmester no Rivoli, apresenta-se nesta edição sobre a marca: “construir um cresciment­o sustentáve­l”. Ricardo Valente, vereador da Câmara Municipal, mencionou na abertura que as ideias discutidas no evento nestes dois dias compactuam com “uma cidade preparada para um futuro assente na sustentabi­lidade”.

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Horta-Osório mostrou-se preocupado com a inflação

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