Asseguram socorro vivendo mais próximos do quartel
Associação dos Bombeiros Voluntários de Valadares, em Gaia, arrenda casas a bombeiros com valores acessíveis. IP cede espaço na estação
INICIATIVA Estar mais próximo do socorro e em troca ter oportunidade de habitar uma casa, reabilitada ou mesmo nova, com uma renda acessível, que não ultrapassa os 350 euros. Este é o “princípio de lealdade e cooperação” que serviu para que uma funcionária dos Bombeiros Voluntários de Valadares, em Gaia, deixasse de pagar 750 euros por mês por um T2, em Vilar de Andorinho, e passasse a viver em frente ao quartel.
O caso desta bombeira, “uma das mais polivalentes” da corporação, não será único. De acordo com o presidente da corporação, António Silva, a associação está já a fazer obras em mais duas habitações e tem ainda prevista a construção de mais três de raiz.
“Mesmo que multiplicasse este número por dez não me chegariam casas para os pedidos”, desabafou António Silva ao JN, contando que “foi a necessidade” que serviu de inspiração a este projeto. “Não só a necessidade de dar uma habitação digna a alguém, como ter os bombeiros mais próximos ao socorro”, resumiu o presidente.
Segundo António Silva, “se pudesse criava quase como uma aldeia, tipo condomínio fechado, que servisse para alojar os funcionários desta corporação”, salientando que em Valadares existe “uma terrível especulação imobiliária que faz com que as pessoas tenham de ir morar cada vez para mais longe”. E com isso, “ao toque da sirene por falta de recursos humanos, só os que estão nas redondezas é que têm capacidade de resposta”, sublinhou.
Daí que o presidente dos Bombeiros Voluntários de Valadares faça o alerta: “Seria uma mais-valia se houvesse mais gente interessada em doar-nos terrenos aqui na freguesia. Certamente, mais casas seriam construídas”.
LOUÇAS DO WC OFERECIDAS
Tudo somado, o investimento nas casas ronda os 835 mil euros, mas o responsável destaca que neste primeiro projeto, que ficou pronto no mês passado, os custos “na reabilitação da casa foram controlados, rondando os 16 mil euros”. Relativamente à obra, António Silva salientou ainda “a preciosa ajuda da Cerâmica de Valadares, que ofereceu as louças da casa de banho”.
As próximas habitações a ficarem prontas (um T1+1 e um T3), em outubro, ficam situadas no 1.o andar do edifício da estação de comboios de Valadares, propriedade da Infraestruturas de Portugal, que cedeu o espaço à associação de bombeiros por um período de dez anos (renováveis).
Segue-se a construção de outro imóvel, em frente ao quartel, que além de dar lugar a mais três casas, vai permitir a construção de 17 lugares de aparcamento no subsolo e outros 16 à superfície.