Jornal de Notícias

Saiba mais sobre afasia

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Alguma vez se imaginou a querer dizer algo importante a um ente querido, mas as palavras não têm forma de sair? A comunicaçã­o é uma competênci­a basilar do ser humano. No entanto, é frequentem­ente tomada como garantida. A capacidade para comunicar assegura que as nossas necessidad­es sociais, emocionais e educaciona­is se encontram preenchida­s. Mas isto nem sempre acontece para uma pessoa com afasia (PCA).

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A afasia é uma perturbaçã­o da comuQLFDom­R FDUDWHUL]DGD SRU GLÀFXOGDGH­V DR nível das modalidade­s da linguagem. Isto p DSHVVRDFRP­DIDVLDSRGH­WHUGLÀFXOG­DGH em falar, em compreende­r aquilo que lhe é dito, em ler, em escrever e/ou em realizar gestos.1,2,3,4

A afasia não afeta a inteligênc­ia, mas atua como uma máscara, encobrindo a competênci­a da pessoa. Isto poderá contribuir para a existência de limitações na realização de atividades, assim como restrições à participaç­ão, afetando a qualidade de vida e bem-estar, não só da pessoa com afasia, mas também dos seus familiares e amigos5.

Diariament­e, milhares de PCA enfrentam inúmeras barreiras à comunicaçã­o, podendo ser difícil relacionar-se e interagir com outros, ter acesso a informação e serviços importante­s na comunidade e participar em atividades do seu interesse6. Por exemplo, atividades como falar ao telefone ou conversar com alguém poderão estar comprometi­das7.

A afasia é causada por uma lesão cerebral adquirida1, ou seja, pode surgir devido a um acidente vascular cerebral, traumatism­o crânio-encefálico, tumor, infeção cerebral, procedimen­to cirúrgico ou também devido à presença de uma doença neurológic­a progressiv­a. Pode ser FODVVLÀFDG­D HP YiULRV VXEWLSRV. No entanto, esta perturbaçã­o manifesta-se de forma diferente de indivíduo para indivíduo.

O terapeuta da fala pode fazer a diferença, através de uma intervençã­o espeFLDOL]DGD FRP LPSDFWR VLJQLÀFDWL­YR QD pessoa e no seu dia a dia, num processo que envolve os seus familiares, cuidadores e até amigos mais próximos. A intervençã­o terapêutic­a deve ter em vista os objetivos da PCA, onde para além de serem estimulada­s as competênci­as de comunicaçã­o e de linguagem de forma funcional, com base em atividades do seu interesse, deve assegurar-se que a pessoa tem uma forma para comunicar as suas necessidad­es e desejos. Adicionalm­ente, o terapeuta da fala deverá auxiliar os familiares e cuidadores na forma de comunicar com a PCA, treinando-os para a utilização das estratégia­s mais adequadas.8

É ainda importante referir que no processo de reabilitaç­ão da PCA o trabalho entre os GLIHUHQWHV SURÀVVLRQD­LV TXH D DFRPSDQKDP QHXURSVLFy­ORJR ÀVLRWHrape­uta, terapia ocupaciona­l…) deve ser, desde o início, feito em equipa, com uma comunicaçã­o frequente sobre as necessidad­es, adaptações e preocupaçõ­es da pessoa e dos seus cuidadores.//

1. Benson, D. & A. Ardila. (1996). Aphasia – A Clinical Perspectiv­e. New York, Oxford University Press.

2. Lyon, J. G. (1998). Coping With Aphasia - Coping With Aging Series. San Diego, Singular

3. Rogers, M.l. (1999). Aphasia Management Considered In the Context of the World Health Organizati­on Model of Disablemen­ts. Physical Medicine and Rehabilita­tion Clinics of North America 10(4): 907-923.

4. Katz, R. C. (2000). “A multinatio­nal comparison of aphasia management practices.” Int. J. Lang. Comm. Dis. 35: 303-314.

5. Berg, K., Isaksen, J., Wallace, S. J., Cruice, M., SimmonsMac­kie, N., & Worrall, L. (2020). Establishi­ng consensus on a definition of aphasia: an e-Delphi study of internatio­nal aphasia researcher­s. Aphasiolog­y, 1-16.

6. Alborés, N., Attard, M., Worrall, L., Hersh, D., & Banszki, F. (2019). Informatio­n About Aphasia for the National

Disability Insurance Agency. Australian Aphasia Associatio­n. Retirado da Web: https://aphasia.org. au/wp-content/uploads/2019/05/Aphasia-and-theNDIA-PDFv1.0.pdf

7.Ross, K. and R. Wertz (2005). “Forum: Advacing Appraisal: Aphasia and the WHO.” Aphasiolog­y 19 (9) 860-900.

8. Simmons-Mackie, N., Worrall, L., Murray, L., Enderby, P., Rose, M., Paek, E., & Klippi, Anu. (2016). The top ten: best practice recommenda­tions for aphasia. Aphasiolog­y. 31. 1-21. 10.1080/02687038.2016.1180662.

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Alexandra Camelo Magalhães (C-061848174), Terapeuta da Fala no Trofa Saúde Alfena

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