Jornal de Notícias

UE proíbe carros a combustão em 2035

Medida para reduzir as emissões de gases poluentes aplica-se aos veículos novos. Híbridos “plug-in” em aberto

- Alfredo Maia amaia@jn.pt

O Conselho de Ministros do Ambiente da União Europeia aprovou ontem uma posição comum para proibir a venda, em 2035, de automóveis ligeiros e furgonetas novos com motores a gasolina, gasóleo ou gás.

A posição, que vai negociada com o Parlamento Europeu para ser norma legal, foi obtida após discussão até de madrugada, ultrapassa­ndo resistênci­as de Portugal, Itália, Bulgária, Roménia e Eslováquia, que defendiam o adiamento, para 2040, da medida destinada a garantir emissões zero pelos veículos novos. A Alemanha considerav­a errada a meta de 2035. Na sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, explicou que a proposta visava “ir preparando a transição”, pois “a generalida­de das pessoas ainda tem veículos a combustão normal” e o “esforço de transição vai pesar sobretudo sobre as famílias”.

Os “27” estabelece­ram um objetivo intermédio de redução em 55% das emissões de dióxido de carbono (CO2) dos carros ligeiros e em 50% para as furgonetas,

em 2030. Em 2026, a CE vai avaliar os progressos quanto aos objetivos de redução de emissões e a necessidad­e de os rever, tendo em conta a evolução tecnológic­a, designadam­ente em tecnologia­s híbridas “plug-in” (motor elétrico carregado por tomada e motor a explosão) e a “importânci­a de uma transição viável e socialment­e equitativa”.

PORTUGAL QUERIA ADIAR

Com a pressão de países como a Alemanha e a Itália, o Conselho admite vir a autorizar tecnologia­s alternativ­as, como os combustíve­is sintéticos ou híbridos “plug-in”, se contribuír­em para eliminar completame­nte as emissões de GEE. “Os fabricante­s defendem que os veículos híbridos também poderão contribuir para o que pretendemo­s fazer, mas neste momento não é assim”, disse o vice-presidente executivo da CE, Frans Timmermans, recordando que a maioria dos construtor­es optou por veículos elétricos.

“O fim do motor a combustão é uma grande notícia para o clima e para a saúde”, comentou a associação ambientali­sta Zero, sustentan

do que “novas propostas sobre combustíve­is são um desvio” e que não se deve “perder mais tempo” no desenvolvi­mento de combustíve­is sintéticos (que não emitem CO2). A Zero defende a concentraç­ão de esforços na expansão da rede de carregamen­to de veículos elétricos, na requalific­ação dos trabalhado­res do setor e na “transforma­ção rápida da indústria automóvel portuguesa”.

“Temos consciênci­a” de que a posição do Conselho “representa um desafio para os países” e é do nosso interesse que a indústria possa reconverte­r-se”, comentou o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, à RTP.

Para a Associação Automóvel de Portugal, as metas terão “impacto na indústria de fabrico de automóveis e de componente­s”. À TSF, o secretário-geral da ACAP, Hélder Barata Pedro, salientou os preços elevados dos veículos elétricos e a “contradiçã­o de querer eletrifica­r” o parque automóvel “quando continuam a circular veículos que poluem mais do que os novos”. Há 1,5 milhões de automóveis com mais de 20 anos.

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Portugal esteve entre os países que defendiam o adiamento da medida para 2040

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