Jornal de Notícias

Descompres­são salarial de 2022 custa 14 milhões

Para já, a medida chega a 17 mil assistente­s técnicos da Função Pública. Em 2023, é a vez de técnicos superiores

- Maria Caetano maria.s.caetano@dinheirovi­vo.pt

ESTADO Aquele que o Governo considera “um sinal” dos planos para rever globalment­e tabelas salariais da Função Pública vai custar, neste ano, em termos brutos, 14 milhões de euros, abrangendo um quinto dos assistente­s técnicos.

O impacto da medida foi ontem detalhado aos sindicatos pela secretária de Estado da Administra­ção Pública, Inês Ramires, numa ronda negocial do processo que prevê, para já, aumentos para 17 mil administra­tivos, de 709 para 757 euros, com efeitos retroativo­s a janeiro, depois de estas remuneraçõ­es da base da carreira terem ficado a 4,46 euros do salário mínimo.

A subida será acompanhad­a de nova revisão das tabelas de retenção na fonte de IRS para que os rendimento­s líquidos mensais dos trabalhado­res não sejam reduzidos, garantiu o Governo.

Já para 2023, o Executivo prevê gastar 20 milhões de euros a elevar o salário de entrada da primeira e da segunda posições remunerató­rias da carreira de técnicos superiores, que enquadram estagiário­s e trabalhado­res nos primeiros anos. Estas remuneraçõ­es subirão, respetivam­ente, de 1007 para 1059 euros, e de 1215 para 1268 euros. Serão abrangidos 22 mil, quase um terço dos técnicos superiores.

IMPACTO FASEADO

Também para 2023 fica a valorizaçã­o dos doutorados, que passarão a ter 1632 euros como salário mínimo. Entre os doutorados já acima deste valor, haverá também progressão para uma posição superior. A medida chegará a 750 trabalhado­res, custando 3,5 milhões.

As subidas, para repor distâncias relativas face à base remunerató­ria da Função Pública (o salário mínimo), são ainda considerad­as insuficien­tes pelos sindicatos, que pretendem insistir em avanços mais cedo. O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) vai pedir nova reunião para tentar negociar uma subida para técnicos superiores ainda em 2022, também com retroativo­s a janeiro.

Inês Ramires rejeita a visão de que os aumentos previstos sejam um “remendo”. “É um sinal para um primeiro ponto de partida”, defendeu, remetendo para setembro uma “perspetiva plurianual” de mexidas na tabela remunerató­ria única.

Face à subida programada do salário mínimo para pelo menos 900 euros até 2026, haverá forte compressão salarial. Sobre a forma como o problema será resolvido, a governante sugeriu um processo semelhante ao descongela­mento de carreiras de 2019. “Uma coisa é apresentar­mos soluções, outra coisa é o faseamento do seu impacto ou de efeitos ”, disse.

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Inês Ramires, secretária de Estado da Administra­ção Pública

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