Jornal de Notícias

Juros mais altos não travam crédito à compra de casa

No final de maio, os bancos tinham 98,7 mil milhões de euros em empréstimo­s à habitação, um aumento de 4,8%

- Sara Ribeiro sara.ribeiro@dinheirovi­vo.pt

FINANCIAME­NTO Nos últimos meses, as taxas de juro têm disparado. Mas, mesmo assim, não se tem registado um travão no crédito à habitação. No final de maio, o total de crédito à habitação nos balanços dos bancos totalizava 98,7 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 4,8% face ao mesmo período do ano passado, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal (BdP).

Estes valores confirmam a tendência de cresciment­o do crédito à habitação que tem vindo a ser registada nos últimos meses, ao mesmo tempo que os preços das casas continuam a aumentar a um ritmo acelerado, fruto do aumento da procura, nomeadamen­te por estrangeir­os, e da escassez de imóveis. No primeiro trimestre deste ano, segundo os mais recentes dados do INE, os preços de venda da habitação em Portugal cresceram 12,9% face a igual período do ano passado. Durante este período foram negociadas 43 544 habitações, um acréscimo de 25,8%.

O contínuo aumento de crédito à habitação acontece quando têm surgido preocupaçõ­es sobre o eventual incumprime­nto por parte das famílias face ao aumento das taxas de juro. A Euribor a seis meses, por exemplo, disparou dos negativos -0,546%, no final de 2021, para 0,225%, esta se

Valor recorde

No final de maio, as famílias tinham depositado nos bancos 178,4 mil milhões de euros, mais 6,8% face a igual mês de 2021. Um novo recorde.

Empresas poupam

As empresas tinham em maio 76,7 mil milhões de euros em depósitos, mais 2,8% que um ano antes. mana. Como em Portugal 90% dos contratos de empréstimo­s à habitação são com taxa variável, isso leva a que a subida das taxas de juro se traduza num acréscimo do valor a pagar na prestação. Mas apesar de o recente Relatório de Estabilida­de Financeira apresentad­o pelo BdP admitir o risco de maior incumprime­nto do crédito da casa, Mário Centeno, governador do BdP, afastou o cenário de uma subida preocupant­e.

Ainda assim, o supervisor deixou o aviso que no “contexto do recente maior cresciment­o observado no crédito à habitação, é fundamenta­l assegurar que este não passe a assumir um papel determinan­te para a evolução dos preços no mercado imobiliári­o”, de modo a que não se voltem a repetir excessos que levaram a crises passadas. Aliás, para prevenir esse risco, o BdP tem introduzid­o travões ao crédito, como o encurtamen­to dos prazos máximos de pagamento dos contratos de crédito desde abril.

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